Introvertendo 94 – Autocrítica

Como definir e entender a autocrítica? Thaís Mösken recebe Stella Dauer, podcaster do Sensivelmente e responsável pelo canal no YouTube Eu Testei, para um bate-papo sobre um tema complexo no cotidiano para alguns autistas. A autocrítica pode ser um processo saudável, mas no contexto do excesso de cobranças em torno do autismo, pode se tornar paralisante e desanimador.

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Transcrição do episódio

Thaís: Olá para você que ouve o podcast Introvertendo, este podcast que é feito por autistas para toda a comunidade. Hoje em dia nós somos o maior podcast sobre autismo do Brasil e eu sou a Thaís Mösken, aqui de Florianópolis. É a primeira vez que eu sou host de um podcast, então a gente tem muitas coisas a aprender hoje.

Stella: Olá para todos, eu agradeço bastante o convite de vocês do Introvertendo. O meu nome é Stella Dauer e a minha profissão principal é ter um canal no YouTube onde eu falo de tecnologia. O nome dele é Eu Testei. Mas eu também tenho um podcast que fala sobre autismo, neurodiversidade, que eu atualizo bem de vez em quando, o nome dele é Sensivelmente, e eu agradeço mais uma vez o convite de estar aqui. Fui diagnosticada Asperger há dois anos atrás, foi em 2018, e este ano eu tô trabalhando um pouco mais nisso. Mas eu fui diagnosticada depois de alguns anos pensando a respeito. Eu tive que conseguir o meu diagnóstico fora do Brasil com uma especialista na Austrália porque no Brasil foi super difícil de conseguir alguém que diagnosticasse mulheres.

Thaís: A gente sabe como esse diagnóstico de mulheres, especialmente mulheres adultas, é bem difícil. Para mim foi a mesma história, para a Yara também foi assim, então estamos todos com esse problema aí. Deve ter muito subdiagnóstico em todo nosso país. Hoje em dia nós somos uma produção de 10 autistas e a gente a tem assinatura da Superplayer & Co.

Bloco geral de discussão

Thaís: Hoje o nosso tema é autocrítica. E aí eu queria começar comentando que a palavra autocrítica talvez seja entendida de forma diferente para várias pessoas. Porque temos crítica entendida como um julgamento negativo, algo que remete a desaprovação, como também a gente pode pensar em crítica como análise. Então autocrítica é como uma autoanálise, uma parte do processo de autoconhecimento. Queria saber o que você entende por autocrítica, quando alguém fala essa palavra, remete a que para você?

Stella: Desde que eu sou mais jovem, passei por muitos médicos até o descobrir o diagnóstico de autismo. Passei por depressão, ansiedade, cada hora um diagnóstico diferente. Hoje eu sei que são comorbidades relacionadas ao autismo, mas todas essas coisas sempre foram relacionadas com a parte ruim da minha autocrítica. Eu sempre fui uma pessoa extremamente crítica comigo mesma, a minha barra de sucesso sempre foi muito alta, muito mais alta do que eu gostaria. Mas eu acredito que nos últimos tempos, justamente também por causa do diagnóstico e tudo mais, eu tenho aprendido a me aceitar melhor, a entender melhor as coisas que fazem parte da minha personalidade. Eu acredito que finalmente estou conseguindo levar a autocrítica para o lado da análise mesmo.

Thaís: Eu tenho uma experiência parecida nessa questão de pensar na autocrítica como uma autodepreciação. Inclusive agora que eu estava montando a pauta para o nosso podcast, eu passei a usar essa palavra em vez de autocrítica. Quando eu penso na autocrítica como um julgamento negativo, estou usando mais autodepreciação para manter a palavra crítica como uma análise, mesmo que não seja a primeira coisa que eu penso quando eu falo essa palavra. Eu tô tentando mudar esse pensamento. Eu acho que essa questão de autocrítica tem muito a ver com o nosso perfeccionismo. Para muitas coisas que a gente faz, o que a gente fala, a gente busca sempre fazer o melhor possível naquilo que interessa para gente. Então eu acho que o perfeccionismo acaba retroalimentando essa autodepreciação. Para você é assim também?

Stella: Sim, o perfeccionismo acaba ajudando muito nisso e eu acho engraçado que, justamente quando você falou sobre a coisa de querer levar a palavra crítica para um outro significado, no meu canal no YouTube (que fala sobre tecnologia) eu faço justamente análises sobre smartphones e produtos de tecnologia. Então uma vez até eu fiz um vídeo explicando para as pessoas que crítica não é sempre levando para o lado ruim, justamente porque existem críticos de cinema, críticos de gastronomia e não necessariamente eles falam mal apenas dos filmes ou mal apenas das comidas e restaurantes. É simplesmente um jeito de você falar sobre as coisas, sobre você analisar, é justamente a gente levar a palavra crítica para o lado da análise. E usar auto-depreciação combina muito mais com esse caso do que a gente tá falando aqui.

Thaís: Até porque, se você for pensar, autocrítica é uma ferramenta muito poderosa até para gente buscar o aprimoramento profissional e pessoal. Mas você para pra analisar os seus pontos fortes e os Eu sempre falei pontos fortes… Eu sempre falei pontos fortes e pontos fracos, ou pontos positivos e negativos, mas me ensinaram a não falar pontos negativos e sim oportunidades de melhorias. Para mim é a mesma coisa, só que eu entendo… (risos).

Stella: (risos)

Thaís: Eu entendo que é para a gente tentar focar que, se é negativo, quer dizer que você pode melhorar.

Stella: Sim. Eu acho que, como muita gente fala, palavras têm poder e quando a gente ressignifica as palavras a gente acaba ressignificando o que todas essas coisas dizem a respeito da gente. Trocar autocrítica por autodepreciação… e quando a gente troca também pontos negativos por pontos a serem aprimorados, a gente vai ajudando a nossa própria mente, onde justamente mais participa desse todo esse processo de autodepreciação, a tornar um hábito. Lembrar que os nossos pontos chamados de negativos podem ser modificados ou ainda mais, que eles não necessariamente são negativos. Porque pode ser apenas que eles tenham um outro significado para a gente e passar até a ser uma coisa boa, assim como muitas coisas também que eu pensava a respeito de mim, coisas do meu desenvolvimento… “Puxa, eu sou uma boa profissional, eu me acho uma pessoa muito inteligente, por que eu não consigo trabalhar no mercado formal como várias outras pessoas?”. Foram pontos que eu acabei transformando hoje em dia como: “OK, eu sou uma pessoa que não consigo lidar direito com o mercado formal de trabalho, mas eu sou uma pessoa que consigo trabalhar de casa e que eu sou muito versátil e que eu posso fazer várias coisas”. Então realmente a gente acaba ressignificando isso e trocar as palavras também vai ajudando bastante a gente parar com a autodepreciação de forma tão pesada em cima da gente.

Thaís: É verdade. Nesse exemplo que você citou, parar de olhar para aquilo que você tem dificuldade e pensar: “Tá, mas o que que eu posso fazer com isso?” É transformar em uma oportunidade de verdade. Eu achei bem legal que você deu um exemplo que realmente foi uma oportunidade de melhoria. Uma outra coisa que eu acho importante a gente levantar, e a gente já começou a fazer isso, são os vários perigos que a gente tem em fazer autocrítica focada em autodepreciação. Porque isso costuma levar tanto a insatisfação nos mais diversos aspectos da nossa vida, tanto no pessoal quanto profissional, e isso acarreta vários outros problemas como depressão, como você mesma citou. A gente começa a muitas vezes a deixar de fazer coisas que na verdade não faziam mal, mas justamente por ficar olhando só para os aspectos negativos daquilo que a gente fez… Então quais são as suas experiências nesse aspectos de autodepreciação e como isso impactou sua vida?

Stella: Eu acredito que ainda até hoje impacta de forma bem pesada. Eu sou uma pessoa que é autônoma, trabalho de casa, mas a minha própria autodepreciação faz com que eu simplesmente pare de trabalhar por alguns períodos justamente pela própria régua que eu coloco. Muitas vezes eu acordo pensando: “Será que meu trabalho vale a pena? Para que o que eu tô fazendo aqui, nesse mundo, vale a pena?”. E eu trabalho com público, tenho um canal no YouTube e eu recebo o feedback das pessoas. 95% desse feedback é positivo, mas ainda assim a gente acaba se pautando por aquele 5%, do tipo: “Nossa, aquela pessoa não gostou de mim, isso que eu faço não é bom o suficiente, não tem porque eu estar fazendo isso. Não tem um objetivo para mim, o que eu faço não tem valor. Várias outras pessoas estão fazendo, por que eu devo continuar fazendo isso?”. Isso paralisa você. A maior parte dessas coisas são frutos da nossa própria cabeça. Obviamente existem pessoas que vão criticar negativamente, a gente a gente pode ter um chefe, colega de trabalho ou familiar que realmente vai depreciar a gente, mas a maioria das vezes a gente vai perceber que é a nossa própria cabeça que tá trabalhando com isso. A nossa autodepreciação tem principalmente a ver com as nossas próprias crenças. A gente acaba colocando isso tão forte que, muitas vezes, não percebemos que nós estamos fazendo isso. “As pessoas não gostam de mim, eu não consigo ir bem no trabalho porque as pessoas me sabotam”, mas quando a gente vai perceber, somos nós que estamos fazendo isso. Isso impede que a gente, mesmo sendo bons em várias coisas e tendo muita capacidade, a paralisar e deixar de fazer coisas legais para o mundo e para a gente.

Thaís: Uma outra coisa que eu pensei como um perigo é a chamada Síndrome do Impostor, que é se achar uma fraude. Você tá fazendo um trabalho e as pessoas estão falando que é bom, mas você acha que seu trabalho é ruim e que a qualquer momento as pessoas vão descobrir que aquilo é ruim. E quando elas descobrirem, você vai ser mandado embora porque você é um péssimo profissional… Então eu queria saber se você também já passou por isso, porque eu vivi isso por bastante tempo até eu parar para analisar de verdade o que eu estava fazendo.

Stella: Eu acho que eu tenho altos e baixos. Tem dias em que é maravilhoso e eu estou super empolgada com meu trabalho, mas tem dias que isso pega super pesado também. É que nem o que você tava falando, o seu próprio chefe te dar um feedback legal e você falar: “Não, imagina”. E não é falsa modéstia, você realmente não enxerga isso. E é muito engraçado porque a gente consegue ver tantas coisas boas em outras pessoas e não conseguimos enxergar isso em nós. Tem um vídeo do TED que tem uma frase chamada: “Finja até você fazer”. Porque muitas vezes a gente tem essa Síndrome do Impostor e um dos truques que você pode utilizar é justamente o de fingir. Então já que você tá se autossabotando, uma das alternativas é justamente criar mais uma vez outra mentira do tipo: “Já que você não é boa, então finge que você é até você conseguir”. É um monte de um monte de atuação que você coloca no meio disso, e atuação e máscara são também muito relacionados a autismo, e você coloca mais uma máscara: “OK, eu sei que eu sou uma impostora, mas eu vou fingir que eu não sou até descobrir que não sou realmente uma impostora e tão boa quanto acho que deveria ser ou até melhor”. Então acho que essa é uma das coisas que a gente pode trabalhar nesses problemas. 

Thaís: Nossa, eu não sei se eu conseguiria fazer isso. Eu nunca tinha pensado sobre isso, mas me parece aquela situação em que você fica até com medo de começar a fingir tão bem que você vai se enganar ou alguma coisa do tipo. Importante também, acho, que a pessoa consiga manter um equilíbrio, porque vai que de repente a pessoa começa a perder a autocrítica no outro sentido, ou seja, para de perceber os defeitos (risos).

Stella: Efeito contrário (risos).

Thaís: É! Eu achei legal que você citou que às vezes uma pessoa tá reclamando do próprio do trabalho, a gente vê que o trabalho de outra pessoa e é muito bom e mesmo assim as pessoas não percebem aquilo que a gente tenta mostrar para elas. Em alguns momentos, outras pessoas possam ajudar a gente dando feedbacks bem claros, de forma bem objetiva, o que a gente fez de bom e o que a gente fez de ruim. E eu espero que a gente consiga também fazer isso com essas pessoas. Eu descobri isso justamente no meu trabalho. Apesar de ter dificuldade ainda de olhar para o que eu faço e realmente perceber, quando alguém dá um feedback mais objetivo, ajuda bastante a evitar essa autodepreciação e a gente analisar criticamente o nosso trabalho e tudo que a gente faz. Então aqui eu queria falar um pouquinho de como a gente pode usar a autocrítica ao nosso favor, que é essa capacidade que a gente tem de análise objetiva e que uma das formas de utilizar isso é em um feedback estruturado, que eles chamam de SCI (situação, comportamento e impacto). Então você mostra a situação em que algo ocorreu, fala o que fez com que aquele algo ocorresse e o impacto. Por exemplo, quando você falou que o meu trabalho era bom, eu fui olhar esse meu trabalho com calma e isso fez com que que eu percebesse determinadas qualidades. É um exemplo meio bobo, mas a ideia é tentar estruturar o feedback ao invés de simplesmente falar que algo é legal ou bom, que são coisas muito genéricas. Eu queria saber, Stella, se você usa algum tipo de estrutura para tornar as análises mais objetivas e transformar em algo mais construtivo.

Stella: Eu achei bem interessante isso que você falou do feedback SCI. Eu nunca tinha ouvido falar, fui pesquisar bem recentemente quando você chegou a comentar sobre isso e eu achei muito legal. Porque principalmente serve para todo mundo, mas geralmente autistas são mais orientados a instruções claras e instruções que são ditas sem rodeios. E muitas vezes, no ambiente corporativo, são coisas difíceis de conseguir, e principalmente, na vida pessoal. As pessoas ficam dando voltas para falar algumas coisas ou não falam da forma mais clara possível, querem que a gente entenda meias palavras ou entenda jeitos de falar ou até perceber linguagem corporal, o que para a gente é tão complicado. Um tipo de feedback desse, que deixa as coisas de forma tão clara, poderia ser muito utilizado e poderia ajudar demais. Como trabalho de forma autônoma e muito com internet, é difícil ver as pessoas frente a frente, ainda mais no meu caso que eu faço freelancer. Eu vejo que, por mais que esteja inserida de alguma forma no mercado, por ser freelancer não se preocupa tanto com a pessoa porque ela não é um funcionário registrado, não é um funcionário fixo e esses feedbacks tão claros e tão ricos a gente acaba perdendo. A gente tem que pegar muita informação na hora da bronca e isso atrapalha a fazer uma autocrítica completa da parte boa e dos pontos a serem melhorados. A gente fica com só um pedaço das informações e é muito difícil pegar informação completa. Mas no geral esse método é uma forma estruturada do que a gente gostaria que acontecesse na vida, que é uma conversa honesta explicando o que você sente e o que outra pessoa sente. Se as pessoas não me explicam o que aconteceu, eu geralmente coloco as minhas próprias informações, ou eu acabo me provando errada ou acaba voltando para mim. Mas eu diria que a minha principal ferramenta para trabalhar com a autocrítica tem sido terapia. Depois que eu tive o meu diagnóstico, comecei a pensar que talvez eu precisasse de mais ajuda do que apenas medicação. E depois que eu comecei a fazer terapia, vi muita diferença. É realmente um negócio que ajuda demais na autocrítica. Porque muitas vezes você chega lá e fala com a pessoa e percebe que quando você fala em voz alta. muitas das coisas que você geralmente fica mastigando na sua cabeça como coisas ruins acabam perdendo o sentido e você pensa: “Nossa, que que é isso que eu tô falando?” Falar em voz alta não faz sentido nenhum se não for com a ajuda de um profissional que vai direcionar melhor os seus pensamentos. Você consegue transformar a sua autocrítica, isso não vem rápido, não tá vindo rápido como eu gostaria, mas eu acredito que já tem me ajudado muito de um tempo para cá a rever como eu trato eu mesma e o que eu faço.

Thaís: Recentemente eu estava justamente tentando resolver um problema falando o problema pra uma pessoa. E mesmo que a pessoa não vai ser capaz de ajudar a gente a resolver de fato, nos ajuda a estruturar aquele pensamento. E aí você até vir para agradecer e a pessoa fica olhando para você: “Eu não fiz nada pra você estar me agradecendo”. Eu não tinha pensado nesse sentido, mas me parece funcionar bem. Aí dá para perceber quais são as falhas daquele raciocínio e dá para perceber como muitas vezes você só tá se autoflagelando sem ter realmente uma base para fazer.

Stella: Eu já li alguma coisa sobre comunicação não violenta, também não não fui super atrás mas na época também achei super interessante e eu acho que de certa forma não violência ajuda até a tirar um pouco a parte emotiva da coisa. Em qualquer relacionamento que a gente tenha, seja pessoal ou profissional, é importante a gente colocar a empatia pelas pessoas, mas se a gente deixa o sentimento se levar demais, a informação acaba se perdendo no meio de tanto sentimento. E as pessoas podem nem ver que isso tá acontecendo, porque ocorre dentro da sua cabeça e você ali com um olhar sem expressão… 

Thaís: Mas aí eu queria trazer algumas experiências que a gente percebeu que estava focando demais na autodepreciação e não na autocrítica construtiva, então se você puder trazer umas experiências além do que a gente já comentou até agora…

Stella: Acho que todas essas vezes em que eu paro de trabalhar, por mais que eu pense que está sempre acontecendo a mesma coisa, aprendi bastante na terapia justamente que apesar de serem situações parecidas, você não está igual. Então você provavelmente está melhorando em alguma coisa, você tá mudando alguma coisa, então eu tento sempre pensar o que aconteceu de diferente dessa vez e o que eu posso fazer melhor, o que eu tô fazendo de melhor para pensar mais ou menos em fazer uma coisa estruturada. Às vezes escrevendo você consegue ter uma ideia de como os seus pensamentos estão muito bagunçados ou como você realmente exagerou numa autodepreciação e acho que você consegue fazer uma análise própria do que você pensou e consegue a cada situação agir de forma diferente, um pouquinho melhor, sem se cobrar demais.

Thaís: Uma das coisas que eu acho bem importante é como que a gente busca ajuda ou como a gente ajuda alguém que está passando por um desses momentos de autodepreciação. A gente já falou de terapia, e uma coisa que é bem importante dentro da minha realidade, é eu falar com o meu gestor. É uma pessoa em quem eu confio bastante, é claro que nem todo mundo tem um gestor em quem confiar, mas eu acho que se vale a pena buscar alguém que conheça o seu trabalho e que seja capaz de passar um feedback estruturado. Se a pessoa não sabe passar um, você pode ensinar. E se essa pessoa quiser te ajudar, provavelmente ela vai prestar atenção nisso que você tá falando e vai tentar te ajudar mesmo. Por outro lado, se você perceber que uma pessoa precisa de ajuda, tenta você também passar um feedback estruturado para ela e apontar quais são as coisas boas que ela tá fazendo e as que não são tão boas. E não necessariamente a pessoa tem que estar em dificuldades para você apontar uma coisa positiva que ela fez. As vezes simplesmente você viu que a pessoa fez algo bom e pode falar. Eu acho que é bem legal quando a gente tem essa iniciativa de dar um elogio bem fundamentado para outra pessoa.

Stella: Esse resumo todo foi bem legal, justamente você se estruturar e acho que inclusive isso pode levar a uma dica super simples: Você pode até ter um checklist para quando você entrar nesses momentos. E principalmente isso que você falou de muitas vezes a gente se perde na gente… Eu sou sempre muito autodepreciativa comigo, mas lembrar que tem várias outras pessoas também passando por isso, seria legal você virar para um cara no trabalho e dar um feedback legal. Porque talvez numa próxima vez em que você tiver no período ruim se autodepreciando, muito talvez essa pessoa lembre e te dá um feedback legal também.

Thaís: Então pessoal, a gente deu aqui várias dicas e tomara que elas sejam capazes de ajudar vocês a ajudar outras pessoas. Tomara que vocês fiquem bem e até mais.

Stella: Eu só queria agradecer mais uma vez a participação, o assunto foi super interessante e obrigada pelo convite ao pessoal do Introvertendo.

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