Quando jovens sem conhecimento técnico e de vivência do autismo resolvem escrever histórias com personagens autistas para serem lidos por outros milhares de jovens, o desastre é iminente. Neste episódio, Luca Nolasco e Tiago Abreu recebem Mariana Sousa para ler algumas dessas fanfics e também discutir fetichização do autismo, sexo com pessoas com deficiência, devotees e o interesse desmedido pela vida amorosa de autistas em eventos de autismo.
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Notícias, artigos e materiais citados e relacionados a este episódio:
- Tudo igual na horizontal: Grande reportagem multimídia acessível sobre a sexualidade das pessoas com deficiência
- As mulheres com deficiência física e o fetichismo
- “Pensam que não transo”: pessoas com deficiência falam sobre a vida sexual
- A sexualidade da pessoa com deficiência intelectual na legislação educacional: Inclusão e direitos sexuais
- Sobre autismo, sexualidade e a tentativa de encaixar pessoas em padrões
- Fanfic 1 – exemplo
- Fanfic 2 – exemplo
- Fanfic 3 – exemplo
- Fanfic 4 – exemplo
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Transcrição do episódio
Tiago: Um olá para você que escuta o podcast Introvertendo e frequentemente vê briga entre autistas e pais na comunidade do autismo. Meu nome é Tiago Abreu, sou host do podcast e a gente vem com um tema quente e polêmico para poder alimentar vocês nessa sexta-feira.
Mariana: Olá, eu sou a Mariana, estou aqui como convidada hoje pra discutirmos um assunto que, primeiramente, eu achava que só afetava um nicho muito específico, mas é bem mais relevante do que eu imaginei, que é a forma como as pessoas veem e retratam pessoas dentro do espectro autista.
Luca: Olá, eu sou o Luca e eu não sei exatamente o que falar sobre esse tema.
Tiago: Você está no episódio simplesmente pelo fato de ser namorado da Mariana, ou seja, o destaque hoje é dela. Se contenha no seu lugar. Vale lembrar que o Introvertendo é uma produção independente, produzida por oito autistas e que está na comunidade do autismo para informar e para entreter vocês.
Bloco geral de discussão
Mariana: Eu sou do meio, posso dizer mais específico de cultura pop, há mais de dez anos e neste tempo eu consegui acompanhar praticamente todas as eras de pessoas que escrevem. Diferente do que pode parecer, não é um nicho pequeno que consegue acompanhar, eu consegui encontrar fanfics relacionadas ao autismo que tinham mais de dez mil pessoas acompanhando. E aí como eu tô no meio também, já aconteceu publicações de livros e autoras realmente ficarem famosas. Eu resolvi com isso fazer um experimento social que foi tentar entrevistar todas essas autoras que escreveram fanfics que tinham algo relacionado ao autismo e dez me responderam. Só uma meio que desistiu de escrever a história quando fez uma pesquisa mais profunda e viu que era uma coisa que tava um pouco além da compreensão dela e que ela não ia conseguir ter uma base muito fiel de conseguir abordar esse assunto e eu parabenizei ela, inclusive por isso, porque as outras disseram que conheciam o filho de uma tia ou um primo distante, que tinha sido diagnosticado, mas que elas nunca tiveram nenhum contato com nenhuma pessoa dentro do espectro.
Tiago: Só pra efeito de contexto, no último episódio que a Mariana participou do nosso podcast, ela não tinha o diagnóstico e agora a Mariana é oficialmente autista. A primeira vez que eu tive o contato com esse tema foi por meio da Mariana, ela tava comentando comigo sobre uma fanfiqueira do Twitter que, toda interessada, escreveu uma história de amor de autistas. E perguntei pra ela: você conhece alguma pessoa dentro do espectro do autismo? Você acha que as pessoas que tem o diagnóstico querem ser representadas nisso? E aí ela ficou um pouco receosa e apagou.
Mariana: Ela disse que que a mãe dela trabalhava com crianças autistas, então pelas histórias que a mãe dela contava, ela sentia que tinha embasamento para conseguir escrever e retratar perfeitamente uma pessoa dentro do espectro.
Tiago: E bem, quando a gente fala sobre essas coisas, não dá pra fugir da temática da sexualidade. Nós já fizemos uma série aqui no Introvertendo, e quando a gente fala de sexualidade, no contexto de deficiência, é um desafio muito grande, porque você tem duas formas de você a sexualidade na deficiência, que são igualmente problemáticas. A primeira é de você enxergar pessoas com deficiência como pessoas que não tem sexualidade, que nunca vão ter uma vida sexual, como anjos azuis, como às vezes acontece dentro da comunidade do autismo. E vale lembrar que que eu respeito os pais que usam isso, porque eu sei que tem uma questão pelos seus filhos, principalmente quando eles são crianças, mas isso ao longo da vida acaba se tornando um problema e tem um outro lado que é pelo fato da pessoa ser uma pessoa com deficiência, ela se torna uma pessoa “exótica” e aí começa a algumas pessoas hipersexualizarem essa pessoa. E nós não falamos ainda sobre sexualização de pessoas com deficiência. Nesse contexto, existem o chamados devotees, um termo mais conhecido no exterior, principalmente nos países europeus, de pessoas que têm atração física e sexual por pessoas com deficiência, geralmente deficiência física, que são deficiências visíveis. A questão do devotees é complicada porque primeiro, você não tem uma delimitação muito clara se é um fetiche ou, no caso, uma atração mesmo propriamente dita, ou se é uma parafilia sexual, existe toda uma discussão nesse sentido. Os devotees estão nessa zona cinza, que você não sabe o que é. Ao mesmo tempo, nessa relação com pessoas com deficiência, você tem várias tensões. Tem pessoas com deficiência que apoiam, acha isso interessante, porque a sexualidade da pessoa com deficiência é muito negada. Por outro lado, você tem pessoas com deficiência que se sentem extremamente incomodadas com o fato de você tá usando as suas redes sociais e aparecer uma pessoa aleatória querendo uma foto do seu pé amputado, do seu braço ou de querer se relacionar com você por causa disso. E aí vem um longo desafio, talvez uma pergunta que dá pra gente relacionar com autismo é até que ponto a deficiência significa você? Digamos assim, se a pessoa se atrai pela sua deficiência, ela tá se atraindo por você ou ela tá se atraindo só pela sua deficiência? Porque na comunidade do autismo, por exemplo, a gente tem uma discussão sobre o que é o autismo. Tem autistas que advogam que o autismo faz parte da identidade de alguém. Então, se você se atrai por um autista por causa do autismo, cê tá se atraindo pela pessoa? É uma questão filosófica que a gente não tem respostas aqui e não vamos resolver essa questão. Fica esse debate aí pra vocês comentarem, mas eu só estou falando isso pra gente enxergar o problema, o nível do desafio que a gente tem quando a gente fala sobre sexualidade na deficiência. E aí eu queria fazer um link com um episódio que a gente fez, que foi uma entrevista com o Victor Mendonça. O Victor provavelmente é uma das principais figuras de autistas ativistas do Brasil que a gente tem hoje, é jornalista, mora em Minas Gerais e ele fez uma revelação muito legal que eu, particularmente, assim, eu me senti honrado, que ele falou pela primeira vez sobre a sexualidade dele exatamente nessa conversa que a gente teve aqui no podcast. Depois ele publicou um texto que me chamou muita atenção, que é sobre a questão do interesse das pessoas na vida sexual de autistas. E uma coisa que sempre me incomodou é que nos eventos de autismo, principalmente quando eu vejo autistas palestrando, rolam algumas perguntas que não seriam perguntadas para pessoas comuns. Por exemplo, você namora? Tem gente que até pergunta da vida sexual. E aí eu fico pensando, se fosse uma pessoa comum, será que perguntariam isso? Por que esse tesão pela vida pessoal das pessoas dentro do espectro do autismo? Ao mesmo tempo autistas não são vítimas, não são inocentes, anjos que nunca vão ter uma vida sexual. Então, a gente tem esse dilema. Autistas devem ser desejados sexualmente, mas até que ponto esse desejo é saudável?
Mariana: Mesmo quando eu não tinha o meu diagnóstico, parecia somente uma pessoa tímida e muito reservada em questão de vida pessoal e eu sempre percebia um interesse muito massivo das pessoas, na minha vida sexual, na minha vida amorosa, desde que eu tinha mais ou menos uns dez, onze anos. As pessoas chegavam na minha mãe, perguntando se eu era autista, se eu tinha namoradinho, se eu tinha amigo na escola, se eu gostava de algum menino, isso sempre me incomodou demais. Já aconteceu também depois de pessoas perguntarem sobre a nossa vida sexual, coisas que vão muito além de perguntas assim que eu posso dizer que são perguntas que ficam na superfície, sabe? Pessoas pedindo detalhes da nossa vida sexual e coisas parecidas, assim, coisas não tem realmente influência nenhuma em nenhum tipo de conversa a não ser fetichização. São dois extremos, ou as pessoas acham que nós somos canonizados, somos praticamente amigos, já teve pessoas que falaram que nós éramos como irmãos, ou então as pessoas serem nós dois como simples objetos sexuais.
Tiago: A primeira vez que a Mariana me contou sobre essas questões do relacionamento dela com o Luca me deixaram particularmente chocado porque eu conheço vários autistas que tem relacionamento, tanto homens quanto mulheres, e muitos deles se relacionam com pessoas comuns, mas no caso deles que são casal de pessoas dentro do espectro, você consegue perceber mais claramente o nível de pressão social que as pessoas fazem. No contexto das deficiências invisíveis, você também tem muitos problemas, porque uma pessoa que tá dentro do espectro do autismo possui uma série de características, uma série de dificuldades que envolvem, inclusive, uma falta de habilidades sociais em várias questões e uma menor flexibilidade frente a situações sociais. Então, é muito difícil você disfarçar que você é autista. Você pode ter um julgamento muito bom sobre você mesmo e achar que você tá arrasando nas relações sociais a ponto de se manter camuflado, mas provavelmente uma pessoa que convive muito com você deve discordar dessa sua visão. Você não é tão habilidoso ou tão habilidosa quanto você acha que é. Existem muitas coisas na vida social que a gente não consegue perceber. E eu acho que a questão da vida sexual é uma pressão muito grande a qual nós estamos exercidos.
Mariana: Eu acho que grande parte da questão da fetichização do autismo vem do estigma que a pessoa Asperger tem o bom autismo, mas são coisas assim que eu não, eu simplesmente não consigo explicar pra uma pessoa neurotípica as coisas que eu sinto. E quando eu conto, eu evito contar pra maioria das pessoas, mas quando eu conto, eu vejo que o olhar muda. Tanto que pra última pessoa que eu contei foi pra um rapaz, amigo de uma amiga que a gente tava saindo junto e ele virou e falou: Então por isso que você tem esses tiques. E eu achava que ninguém nunca tinha percebido que eu tinha. Então, eles aumentaram assim duzentas vezes e ele ficou tipo: “Nossa, que fofo”. Mas não é fofo, é constrangedor, é uma coisa que me paralisa bastante e esse é só apenas uma das comorbidades que vieram comigo, que as pessoas não tem a mínima noção que existem. Elas acham que você ser autista é você ser inteligente e recluso, ponto. Não, é uma coisa que envolve muito mais camadas do que isso. Muitos comentários das pessoas que estão lendo e acompanhando essas fanfics perpetua a ignorância, porque a pessoa que leu acha que o autismo é isso. Chega até o ponto de, quando você retruca as coisas que estão escrita lá, as pessoas vêm com o embasamento absurdo retrucar você de volta, mesmo que você tenha obviamente muito mais vivência no assunto. Pra citar como exemplo, descreveram uma pessoa com Asperger como basicamente um Google humano, que absolutamente tudo que você perguntasse essa pessoa iria saber, histórias em que as pessoas caracterizavam sexo com pessoas com Asperger como abuso de incapaz. Uma das histórias mais relevantes que eu consegui encontrar tinha mais ou menos 8 mil pessoas acompanhando e ela começava basicamente com uma criança que sofria muito bullying dos vizinhos, as crianças vizinhas batiam nela e logo depois que eles ficaram adolescentes, um dos meninos que fazia bullying teve depressão e começou a meio que tentar uma redenção a partir de um relacionamento com essa pessoa que era autista. Os estereótipos da criança, quanto autista, eram absurdos. Você vê claramente que é uma pessoa que não teve nenhuma direção pra escrever o que escreveu. É chocante você resumir uma pessoa que tem uma síndrome completamente complexa, a uma criança que grita e bate palmas e tem sintomas completamente curados depois de um relacionamento. Chega a ser surreal. Isso é fetiche, e ainda diz que você tá contribuindo pra uma representatividade de pessoas que nunca que nunca pediram por isso, que nunca foram procuradas para saber se precisavam desse tipo de representatividade e mesmo assim você conseguir achar que está sendo praticamente uma salvadora dos autistas fazendo isso.
Tiago: Chegou o momento que a gente vai ler alguns trechos desses textos. Mas só a sinopse já nos dá uma dimensão do nível de maravilhoso idade que vai ser esse texto. É o seguinte: Eu amo um menino que gosta de azul, assim como são o céu e o mar, e não me importo em não poder saciar todos os meus desejos carnais com ele. Só tê-lo ao meu lado já me satisfaz por completo.
Mariana: São inúmeros exemplos de, principalmente, quando as pessoas decidem descrever o que caracteriza alguém com autismo. Como, por exemplo, essa descrição que o personagem era autista e ele não sabia se comportar perante as outras pessoas, pois sempre evitava ficar perto delas. Ele sabia que às vezes poderia ter um comportamento destrutivo e estranho, tão estranho que até ele mesmo ficava espantado. E diz também, no mesmo parágrafo, que a única forma que ele conseguia para as pessoas entenderem o queria falar, era gritando e agitando os braços, o que mesmo na sua condição ele tinha total noção do quão humilhante era.
Tiago: E essa questão de que autistas são pessoas agressivas é um dos maiores mitos do autismo. Quando uma pessoa dentro do espectro tem comportamento agressivo, na verdade você tem que identificar quais são coisas que estão tornando essa pessoa agressiva. As pessoas não são agressivas por natureza e esse tipo de esteriótipo com relação ao autismo é disseminado de uma forma muito frequente pelas pessoas. Infelizmente, até mesmo dentro da comunidade do autismo não é difícil você estar num evento de autismo em que uma pessoa que não tem conhecimento sobre acaba soltando algumas dessas coisas. Pra fechar com chave de ouro, na verdade, essa é uma sinopse de uma história que retrata uma pessoa que tem autismo, começa o seguinte: Samanta, abandonada por sua mãe aos dezesseis anos por ser maluca, foi jogada em um hospício qualquer, com nada além de seus incríveis amigos, que só ela mesma vê.
Mariana: Cara, tem nada de autista aqui, é um problema sério de personalidade, ela tem várias personalidades, ela fica vendo várias pessoas, ela foi internada numa clínica psiquiátrica e literalmente termina com ela tomando vários remédios que o médico passou pra ela e ela ficando curada.
Tiago: E aí, galera da cura do autismo, tão felizes? (Risos) A gente percebe que o estereótipo é muito marcante. Existe uma diferença daquilo que se diz popularmente sobre autismo e o que realmente é estudado como autismo.
Mariana: Uma coisa que meio que deixa mais do que óbvio que isso é fetiche e sexualização é que essa busca por representatividade nunca foi feita com autistas severos. Eu nunca vi ninguém escrever nada com autista severos porque eles não se interessam. Uma das provas mais massivas que essas pessoas não tem nenhum tipo de conhecimento sobre o assunto é que se você abrir, pelo menos, sei lá, vinte histórias dessas, todas elas o autista tem exatamente os mesmos sintomas, que são os sintomas que você pesquisa sobre autismo no Google. É é muito frustrante saber que eu nunca vou conseguir, nem ninguém vai conseguir acabar com esse tipo de cultura. Mesmo que a gente tente e mesmo que a gente fale, elas continuam irredutíveis sobre esse assunto.
Tiago: Quem me acompanha e provavelmente acompanha outras pessoas que falam sobre autismo e que são diagnosticadas sabem que eu particularmente não sou uma pessoa que compra muita briga dentro da comunidade, mas tem um tema que realmente me incomoda é esse, porque eu percebo que as pessoas que não tem conhecimento sobre autismo e elas falam sobre autismo alegando que estão fazendo um bem pra comunidade, pra trazer conscientização, mas elas querem é uma validação social nesse sentido. Não há um interesse real em realmente ajudar autistas ou ajudar a comunidade do autismo se você não busca ter um mínimo contato com essas pessoas, ter essas pessoas no seu círculo social, ou você simplesmente entender que elas existem, porque é uma forma de você não ver autistas e até suas famílias como gente, como pessoas. Eu construí uma política pessoal que se alguém me pergunta sobre relacionamento, eu tomo a liberdade de não responder.
Mariana: Você pra ser uma pessoa que nos apoia, você não precisa mostrar esse tipo de posicionamento, ele não é necessário, ele não é relevante positivamente e ele nos desagrada no geral. Apenas converse, tem muito mais pessoas no espectro autista ao seu redor do que você imagina. Então, não custa nada você conversar com essa pessoa, mesmo que você não consiga entender o que ela diz, você escutar e ter respeito pelo relato dela já é muito bom.
Tiago: E se você que é pai, mãe ou às vezes um autista ou uma autista que seja estudioso ou estudiosa, não se sentiu convencido sobre a seriedade desse assunto, eu só queria completar esse episódio dizendo que tem uma fanfic que eu acabei de ler, que diz que ABA é tortura. Então, se você é pai ou mãe, trabalha ABA com seu filho ou se você é autista e ama análise do comportamento, aparentemente tem fanfiqueira falando que vocês são torturadores (risos).