Na relação de frustração versus conformidade, a saúde mental pode estar em xeque. Aliás, com base em autistas, que estabelecem por muitas vezes planos meticulosos, saber lidar com as expectativas é fundamental. O episódio do Introvertendo destaca a relação entre expectativa e realidade com a ansiedade, além de reflexões de como lidar com as expectativas e a sensação de controle.
Participam desse episódio Michael Ulian, Thaís Mösken e Tiago Abreu.
Links e informações úteis
Para saber quais as músicas que aparecem em episódios do Introvertendo, acesse nossa playlist no Spotify. Siga o nosso perfil e acompanhe as nossas playlists com episódios de podcasts.
Para nos enviar sugestões de temas, críticas, mensagens em geral, utilize o email ouvinte@introvertendo.com.br, ou a seção de comentários deste post. Se você é de alguma organização, ou pesquisador, e deseja ter o Introvertendo ou nossos membros como tema de algum material, palestra ou evento, utilize o email contato@introvertendo.com.br.
Apoie o Introvertendo no PicPay ou no Padrim: Faça a sua doação no PicPay usando o nick @introvertendo ou no Padrim neste link e nos ajude a manter nosso conteúdo a ser produzido e atualizado.
Avalie o Introvertendo: Caso você utilize o iTunes/Apple Podcasts, assine e avalie nosso podcast lá por meio deste link.
O Introvertendo está no Spotify e também no YouTube: Ouça e acompanhe o podcast por estes lugares.
*
Transcrição do episódio
Tiago: Olá pra você que escuta o podcast introvertendo e que está com expectativas de que esse episódio seja bom. Meu nome é Tiago Abreu e sou organizador dessa plataforma que reúne pessoas dentro do espectro e hoje nós vamos falar sobre expectativa e realidade.
Thaís: Meu nome é Thaís, hoje a gente já fez uns trocadilhas a respeito de expectativa e realidade.
Michael: Eu sou o Gaivota e as suas expectativas foram destruídas porque novamente eu não usei meu nome. Na verdade foi ao contrário porque eu sempre faço uma introdução cagada. nossas expectativas foram cumpridas.
Bloco geral de discussão
Tiago: Para vocês, como vocês definiriam o conceito de expectativa?
Thais: Eu entendo a expectativa como o que você espera que vai acontecer e pode ou não isso ser verdade, né? E você pode se basear assim pra pra criar expectativa na chance de alguma coisa ocorrer então seria talvez uma questão estatística se você tiver dados para analisar isso ou nas suas passadas que não refletem estatísticas gente isso é muito errado você pensa ah mas todas as vezes aconteceu tal coisa comigo tá não necessariamente estatística é o que acontece com você e também você pode se basear nos relatos das outras pessoas ou em qualquer ideia que você venha a ter de como algo seria, poderia ser. Então, geralmente se você é otimista, você espera que aconteça a melhor coisa possível e se você for pessimista, oposto você espera que aconteça o pior de tudo ou pelo menos alguma coisa ruim. A gente ouve bastante aquela frase da minha mãe, ela sempre foi uma pessoa relativamente pessimista, mas há um tempo ela começou uma frase assim no fim tudo fica bem se não está bem é porque ainda não é o fim. E aí eu sempre viro e falo um “você não está bem é porque ainda não é o fim ou pode ser o fim ou você pode morrer antes de ficar bem”. Pode acontecer qualquer coisa antes de ficar bem que faz sentido.
Tiago: Na verdade essa frase parece muitas coisas que o Augusto Cury sabe?
Thais: Nossa não, mas a minha mãe com certeza não leu o Augusto Cury. Pode ter lido coisas indiretamente, às vezes ela recebe, sei lá, alguma foto da família que tá escrito uma frase dessas.
Tiago: Aham. Sei.
Michael: Malditas fotos do WhatsApp.
Thais: É, WhatsApp destruindo as pessoas. mas em geral ela é uma pessoa que espera o pior, tenta se preparar para o pior, mas não aquele pessimista que vai ficar também, “ah não vou fazer nada porque vai dar tudo errado”. Mas o pessimista geralmente segue mais aquela coisa de lei de Murphy. Então, se uma coisa pode dar errado, ela vai dar errado, de todas as formas errado do pior bosta possível.
Tiago: Michael, como você descreve a expectativa?
Michael: Depois dessa explicação completamente técnica, eu vou por uma explicação mais simples, a expectativa é que nem um bolo que você torce pra você ter acertado a receita. Aí você lembra quem fez o bolo é você. Tudo que considera se o bolo vai dar certo ou não. Depende de você, porque foi você que fez o bolo.
Thais: Então acho que não depende só de você. E se acabar a luz enquanto você estiver fazendo bolo depois que você já estiver colocado o fermento.
Michael: Nós estamos usando um fogão quântico. Não respeita as leis deste universo, ele existe. Não, não é que ele existe, não existe. Mas ele funciona e não funciona ao mesmo tempo, independente se existe energia ou não. Hum. Minha língua pra você.
Thais: Ele funciona e não funciona enquanto você não estiver olhando. Você só vai saber se ele funciona ou não quando você for lá e olhar pra ele.
Michael: Você está certa. Apesar disso tudo. Realmente você tem fatores externos. Apesar de tudo.
Tiago: E eu acho que fatores externos são os que mais caracterizam o fato de uma expectativa se confirmar ou não muitas das vezes. Porque se você analisar a rotina das pessoas por exemplo alguém que está esperando receber um dinheiro, um pagamento de algo que que ela produziu e que não recebeu ainda. Está totalmente fora do seu controle. Mesmo que você cobre a pessoa, vai ter que esperar a boa vontade da pessoa para poder dar esse dinheiro. Você tem uma trajetória acadêmica, você faz uma prova perfeita. Se o professor não vai com a sua cara é é aquela coisa, já estou indo meio que pela lógica também de você enxergar o copo meio vazio.
Thais: Como assim o copo meio vazio?
Tiago: Não, é porque se você for analisar tudo e que tudo esteja dependendo de alguém você também entra numa neura também gigantesca né? Imagina você dar o seu melhor mas você fica pensando, poxa se a pessoa não vai com a minha cara não vai dar certo também já é uma forma às vezes extremada que as pessoas têm com relação a expectativas.
Thais: É o que eu acho que você pode ser que o mundo tem assim muitas variáveis. Em geral isso é o que a gente faz inclusive quando a gente queria modelos, a gente diminui o número de variáveis para aquelas que parecem mais relevantes, mas claro existem coisas que a gente não controla. Mas mesmo como eu estava falando em faculdade foi uma das coisas que eu tinha pensado quando a gente falou do do tema do episódio e minha expectativa e realidade de coisas que dependiam muito mais de mim. Por exemplo, a questão das notas, né? Eu esperava quando eu entrei na faculdade que eu fosse me sair tão bem saía na época do colégio e é uma coisa que dependia de mim, dependia teoricamente do tanto que eu estudasse ou da forma que eu estudasse e mesmo assim eu não conseguia me sair bem porque ou eu não tinha estudado ciente ou não tinha estudado do jeito certo ou tinha estudado só que não era a não tinha o que eu esperava. Então, a realidade da vamos dizer assim, do meu desempenho estava muito aquém do que eu esperava inicialmente. E dependia de mim, né. Na maior parte.
Michael: Engraçado que quando eu entrei numa faculdade eu já estava ciente de eu não ia esperar ter um desempenho bom porque uma porque eu nunca fui um aluno que buscou pra mim desempenho bom e eu sabia que isso não ia mudar e outra que eu sabia eu já estava ciente de que tem essa diferença entre o sistema de ensino da faculdade, do ensino médio. E meio que querendo ou não você tem uma diferença na dificuldade, principalmente pra quem tá vindo do ensino público, eu já fui com minha expectativa de baixa. Então quando eu comecei a tomar no cu eu simplesmente não me surpreendi porque eu já estava esperando isso.
Tiago: Mas assim de certa forma você está esperando que pode acontecer o desastre você pode não acabar se auto sabotando como a gente falou lá no episódio é sobre perfeccionismo e auto sabotagem.
Michael: Nesse caso também tem resultado também que eu mandei nus primeiros semestres já por causa de depressão e essas coisas mas era pra eu ter pelo menos ser passado nas matérias do primeiro semestre mesmo seria que fosse excluir essa parte eu ia passar no máximo aí com seis na média na maior parte das matéria pô porque realmente eu não tenho interesse e eu motivo pra tentar tirar mais que isso.
Thais: Então uma coisa que você falou Tiago, da auto sabotagem eu acho que depende muito de como a pessoa reage a uma expectativa pior ou melhor. Por exemplo, eu posso dizer que no início da minha faculdade, como eu tinha essa expectativa muito boa de que, em geral, eu vi bem as coisas mesmo, não não ficando o dia inteiro estudando aquilo, então eu não preciso fazer tudo isso pra ir bem. Então, eu acabei de certa forma em algumas coisas, teve muita variável na minha faculdade, eu acabei em algumas coisas indo mal por não ter me dedicado o suficiente. Já que eu esperasse mal e eu eu teria tanta opção de falar, “ah eu acho que eu vou mal, mas eu vou tentar estudar de qualquer forma”. E eu acho que não tem tanto a ver com a expectativa. Tem mais um como a pessoa toma as decisões dela com relação a expectativa em si. E me lembrou uma coisa também com relação a faculdade a minha expectativa de como era a faculdade foi muito diferente da também porque é no final do meu ensino médio eu convivi bastante com pessoas relativamente parecidas comigo que pra mim foi uma surpresa absurda que eram os grupos que se forçaram a estudar para as Olimpíadas Científicas né? Muito provavelmente se for fazer um levantamento de uma quantidade razoável de ácidos ali. Então por isso que a vida toda eu eu não tinha ninguém parecido e de repente um monte de gente parecida até apesar de que mesmo assim eu não me sentia tão parte do grupo quanto as outras pessoas né? Percebi que tinha ali todo mundo que junta no final eu ficava um pouco mais de lado, mas era eu me sentia tão parte quanto possível. Vamos dizer assim, comparando com todo o resto. E e eu tinha expectativa de que essa esse pessoal tinha um uma vontade de aprender muito grande, uma vontade de buscar conhecimento muito grande eu criei expectativas de que a faculdade seria assim também, que eu chegaria na faculdade, as pessoas iam querer aprender as coisas de verdade e aí na hora que eu cheguei na faculdade, não, era assim, eu também ouvia falar muito da faculdade, eu fiz USP, que é considerado uma faculdade excelente, então, eu esperava ter aulas excelentes esperava que os assuntos fossem desenvolvidos de uma forma incrível e no final o que eu cheguei lá foi pra ver aulas piores dos do que as que eu tinha no ensino médio, na minha opinião ou pelo menos a grande maioria com algumas exceções. Então para mim teve uma quebra absurda de expectativas desapontada com a faculdade também.
Tiago: Eu tive esse processo no ensino médio. Como eu já falei até no no episódio de autossabotagem, meu ensino médio foi bem decepcionante do ponto de vista de notas. Então, quando eu entrei na graduação eu já tinha passado desse shopping. Então, minha graduação foi muito boa até, assim, foi uma exceção perto eu acho que na verdade do desempenho acadêmico de quase todo mundo que frequentava o grupo que o Michael também frequentava mas no geral eu sempre tive expectativas muito altas sobre as coisas do ponto de vista de colocar esforços sobre elas. Então assim de produzir algo e ficar sempre atrás olhando feedback acho que a internet ajuda muito nisso. Por exemplo, você escreve um texto e aí você quer saber de imediato o que as pessoas pensam pra produzir o próprio podcast então assim por mais que eu saiba o introvertendo já é já começou como algo muito certo né? Vamos ser bastante sinceros. Nós tínhamos um tema e um que nenhum podcast, pelo menos o que a gente sabia. Mas ao mesmo tempo eu ficava ávido o tempo todo quase que como um processo de ansiedade de ficar olhando todo e acompanhando tanto é que a gente chegou a produzir já mais de quinze episódios digamos assim extras adiantados então eu tenho uma relação meio complicada. Tem gente que diz que isso é muito mais uma capacidade de organização, de planejamento e execução do que necessariamente uma relação que tem a ver com expectativa, mas eu acho que tem um pouco a ver com expectativa, porque você não fica motivado se você não tiver uma expectativa de que aquilo dá certo ou que aquilo é importante pra você.
Thais: Eu acho que faz bastante sentido as duas coisas mesmo tanto a questão de que sim você tem um planejamento bom e eu acho muito bom quando a gente consegue se planejar quando a gente não consegue em geral é um é um caos, né? A gente não sabe o que vai acontecer e também que se você acha que vai dar errado dê você vai pesar se não vale a pena então investir sua energia em outra coisa. Então vamos ver se você achasse que o podcast ia dar errado, que ninguém ia ver e tudo mais. E você poderia produzir assim mesmo? Talvez só por você gostar e pronto ou você poderia pensar, então eu vou produzir podcast sobre outra coisa. Já comentei que gosto de traduzir textos de Magic e eu percebo que pouquíssimas pessoas leem. Só que é o tipo de atividade que além de tudo acho que acaba sendo boa pra eu treinar o inglês e tudo mais. Então eu acabo não tendo uma expectativa de que um texto que eu publico só faça sucesso se algum faz ótimo, mas em geral eu não tenho essa expectativa. E mesmo assim eu costumo ter esse planejamento de publicar vaia de traduzir vários antes de começar a publicar né? Só que com o passar do tempo vai ficando difícil também.
Tiago: Eu acho que com base nisso também a gente pode falar dos efeito de quando essas expectativas não são cumpridas assim é quando a gente fala de efeitos é no sentido físico, no sentido psicológico, porque eu acho que talvez o primeiro fator de impacto imediato quando expectativas de pessoas não são cumpridas é ansiedade.
Thais: Sim, é eu acho que a ansiedade é a primeira coisa mesmo que a gente pensa e eu não sei dizer se é a pior né? Mas eu acho que ela acaba levando a outras coisas. Então a ansiedade leva por exemplo a gastrite, você ter dor de cabeça, dependendo da pessoa ter insônia, tem gente que acaba comendo menos. simplesmente porque é uma coisa não não deu certo.
Tiago: E tem gente que come mais também.
Thais: Ah também. É. Eu na verdade tenho esse problema muitas vezes eu acabo comendo mais que eu falo não vou comer de raiva. Eu não sei por que relação eu faço de falar que eu se comer tem a ver com raiva. Por algum motivo.
Tiago: É realmente irracional.
Thais: É, eu me sinto estúpida, mas é aquela coisa que assim. Que ódio. Então, hoje eu estava contando pro Tiago. Eu tava indo no mercado em todos os seus sábados eu faço exatamente a mesma coisa, ele tem exatamente o mesmo planejamento e eu vou comprar legumes em um lugar aqui perto e aí eu fui que eu cheguei lá eu vi que o que tava fechado porque hoje é aniversário da cidade, só depois que eu vi que tava fechado que eu lembrei que era aniversário da cidade, eu fiquei com muita raiva. Então assim, se eu já soubesse que ia tá fechado eu provavelmente não teria ficado com raiva de estar fechado. Mas como eu não esperava, deu muita raiva e aí eu cheguei e fiquei absolutamente sem saber o que fazer. Então eu não sei se isso acontece com você, mas de divulgar a cabeça, tá? E agora, o que que eu faço? Eu não consigo comprar lá eu eu até na hora eu pensei, vou tentar comprar em outro lugar. Ah, mas eu não quero ir até outro lugar. E aí eu fico com aquela raiva de tá, eu não quero fazer nada, vou pra casa então.
Michael: Isso me lembra quando eu morava em Goiânia e eu saía pra comprar as coisas e assim. Principalmente quando eu fui morar em Goiânia, Goiânia mesmo, que passou que as coisas não tinha nada, que era menos de um quilômetro de casa. Eu saía pra ir a pé. Sempre que eu saía, tinha que dar certo. Se não desse certo eram dois quilômetros de caminhada, ida e volta, pelo menos, no mínimo, geralmente mais. Então.
Thais: E você passava o quilômetro inteiro de volta pensando que aquilo não tinha dado certo passando raiva.
Michael: Muito puto, pelo menos eu chegava rápido. O que era bem útil quando estava chovendo.
Thais: Nossa, agora você falou a verdade. Eu costumo andar mais rápido quando eu estou com raiva, quando acontece alguma coisa assim de eu esperar alguma coisa aquilo não dá certo e eu não sei se eu ando mais rápido pra chegar mais rápido em casa, que eu me sinto fugindo daquilo. Agora eu lembrei de outra coisa também, logo que eu aqui pra Florianópolis, não, antes de eu me mudar. Eu estava pesquisando uma casa para ficar aqui. E eu achava que era simples alugar uma casa, da mesma forma que que eu já aluguei um quarto na época da faculdade, um quarto perto da onde eu estudava. E eu não sabia que era complicado alugar uma casa é tudo difícil. Então, eu passei um tempão pesquisando nas imobiliárias e na hora que eu escolhi, entre aspas, uma casa que me pareceu boa e eu liguei e ela não tava mais disponível e eu percebi que ia ser muito mais difícil, eu comecei a achar que tudo ia dar como o início deu errado, aquilo começou a suspender assim de uma forma que aí eu fiquei na dúvida se eu ia querer mesmo de trabalhar aqui, aí eu começava a chorar a noite porque eu falava, não, isso tá errado, começou errado, então melhora acabar, melhor desistir e no final eu acabei vindo tudo mais, mas foi um início muito difícil, simplesmente por eu ter esperado tanto que fosse dar certo, que é uma coisa que eu não costumo fazer.
Tiago: É essa sensação, então, eu poderia chamar de bug. Que é quando você perde completamente a linha de raciocínio e você precisa de um tempo para processar e criar uma nova rota. Se eu fosse usar uma um exemplo bem artístico pra isso seria quando o Google Maps te sugere um caminho, você vai prum caminho errado, quebrando a expectativa do Google Maps e ele tem que traçar uma nova rota imediatamente, ele demora uns cinco segundos pra fazer isso quando você está dirigindo. Então eu acho que é mais ou menos assim, só que diferentemente do Google essa recontagem esse novo cálculo não acontece de forma imediata e aí que eu acho que talvez uma das sensações seja a frustração. Uma coisa bastante interessante que vocês falaram que me fez pensar é que eu fiz um processo de investigação de TCC que foi uma pesquisa que durou dois anos e meio, às vezes eu tenho interesse em alguma coisa, eu tenho paciência de ficar anos pesquisando e trabalhando em cima de algo. Mas durante esses dois anos e meio que eu fiz o meu TCC acabou ocorrendo de que assim eu passei por muitas situações bastante complicadas com relação a dados que eu estava procurando então eu estava atrás de um jornal chamado O Ibopatinga que em dois anos e meio de pesquisa, de contatos com pessoas eu não conseguia achar e aí cada vez que chegava a pessoa que teoricamente tinha um jornal eu já chegava naquela expectativa pensando agora eu vou e vou conseguir e eu nunca encontrava. Inclusive e até hoje eu ainda não achei, aí eu vejo isso espalhado assim áreas de todas as áreas da vida né se você trabalhar profissionalmente muitas vezes você tem uma promessa de um aumento, às vezes você tem uma promessa de uma atividade nova, um cargo novo e às vezes isso não acontece, acontece um problema ali, um problema aqui e aí quando você fica depende como você falou Thais de ficar esperando que as coisas deem certo você já cria uma trajetória futura totalmente completa usando aquilo como um critério definidor. E aí quando aquilo não acontece aí ocorre o cálculo do Google Maps digamos assim aí você vai ter que criar toda a projeção de com relação a isso.
Thais: E como a gente costuma planejar bastante coisa. Quase que montar o fluxograma completo na nossa cabeça. Então quando algo no início ou no meio já dá errado você teria que recalcular toda a rota de tudo, usando o exemplo que você deu. Parece que sua decepção é ainda maior. Então, eu acho que é bem importante quando a gente já pensa em alternativas pros vários problemas que podem dar no meio do caminho. Claro que nem sempre a gente consegue fazer isso, é bem difícil. E aí você falou que chama isso de bug e eu eu acho que tem o bug e tem o acho que antes do do tem o porque aí a gente trava naquilo, mas trava no sentido de ficar pensando, droga, deu errado. Aí e aí termina essa essa frase e já pensa de novo droga, deu errado nisso. Até você sair do do aí cê destrava de uma vez e aí depois faz o processo e isso que cê falou do emprego e de expectativa, às vezes a gente cria expectativa em cima de coisas também que se ninguém falasse pra você falou do aumento. Se ninguém falar que você talvez ganhe um aumento, talvez você não espere por aquilo. Então, na época do colégio eu participei da Olimpíada de astronomia e na brasileira eu ganhei medalha e aí eu ia pro Internacional e a minha escola tinha ficado de aumentar minha bolsa pra cem por cento, já era golpista, mas não era cem por cento. E eles tinham ficado de aumentar minha bolsa pra cem por cento quando eu voltasse. Só que eu fiquei muito na expectativa disso. tivesse falado sobre isso, eu nunca ia esperar isso, ia pensar, minha bolsa é de tanto, pronto, beleza. Aguenta até o fim. E aí, eu não ganhei nada do Internacional, fui muito mal assim, tomei um pau desgraçado, só que não tinha falado você ganhar medalha, eu vou no Internacional, você vai ter um aumento de bolsa. E aí eles só ficaram me enrolando, eles nunca falaram que não iam aumentar. Mas ficaram me enrolando um tempão. E aí eu fiquei com tanta raiva que aí no ano seguinte eu prestei a Olimpíada no nome de outra escola.
Michael: Nossa.
Thais: Aí eu a minha medalha ficou na escola e pra mim assim eu me senti bem por fazer aquilo mesmo.
Michael: Cara, a medalha não fica com você?
Thais: Ah sim, mas eu quero dizer o registro dela. A medalha fisicamente sim, mas é como se a outra escola tivesse ganho.
Tiago: Ou seja, pessoas dentro do espectro podem ser bastante vingativas, também.
Thais: É, quiseram me sacanear. Então, uma coisa que eu pensei que acaba sendo um assunto mais leve, vamos dizer assim também acaba sendo expectativa e realidade o evento específico que eu pensei foi sobre o jogo que é o Dragon Age 2, não sei se algum de vocês já jogou mas o Dragon Age 2 ficou conhecido por ser um jogo muito ruim pra quem gosta de jogos do de RPG, meio que ação. Exatamente. E aí quando eu joguei, eu joguei com uma e eu comecei com uma expectativa lá embaixo achando que ia ser muito ruim mesmo, mas só porque eu queria completar a franquia. E eu não achei um jogo tão ruim assim. E aí depois avaliando o que acho que aconteceu pra crítica ser aquela. Como o primeiro jogo foi considerado muito bom, eu acho que as pessoas jogaram o segundo esperando que seria ainda melhor. E como ele não era, era de um jogo tipo bom, ok. Então achei que teve uma quebra grande suficiente pras pessoas falarem que ele era um lixo. E aí eu acho interessante isso, porque em geral a gente tá falando de expectativa e realidade, assim, no nosso dia a dia. Mas eu acho que tem também desse lado uma coisa mais e várias pessoas terem uma reação parecida por conta dessa comparação de algo no início ser considerado muito bom e depois será que vai cair na melhor e não fica então a pessoa acha que ficou uma desgraça. Não, não é uma desgraça.
Tiago: E isso acontece bastante nas artes né? Se a gente pegar por exemplo filmes que são cultuados a medida que as franquias continuam elas podem até melhorar no sentido técnico mas as pessoas vão sempre comparar com aquilo que é mais antigo que é estabelecido na música então pelo amor de Deus toda vez você vê algum tipo de saudosista falando assim ah mas a música era muito melhor no e tudo mais e tudo mais. Eu estou esperando a gente chegar em 2049 e as pessoas tocarem uma música do Luan Santana de 2018 e falar “ó, nessa época que o Brasil tinha música boa”.
Thais: É e isso aí já mistura além da questão de expectativa e de você comparar com uma coisa antiga eu já acho que já mistura a questão de nostalgia. alguns artigos sobre nostalgia que parece que as pessoas tendem a minimizar as coisas ruins com o passar do tempo e lembrar da da parte boa, eu acho que depende, acho que às vezes fazem o oposto também, mas eu acho que as pessoas esquecem de avaliar características mais gerais Então às vezes as pessoas se focam tanto em algo bom, em algo ruim, dessa dessa coisa do passado que falam só desse único aspecto que é bem idiota.
Tiago: Todo o tempo ele é um filtro, De certa forma você lembra de muitas coisas boas que saíram em 1965, mas você não lembra das coisas que ficaram obscurecidas no passado porque ninguém liga mais pra isso né? E eu acho que o ápice desse saudosismo só fazendo um parêntese com esse tema que não é tão diretamente ligado a expectativa foi a volta da dupla Sandy e Júnior né? Porque tem um monte de na internet agindo como se eles fossem, digamos assim, o suprassumo da música brasileira nos anos dois mil e dos anos noventa. Então, eu acho isso muito engraçado.
Michael: Eles voltaram?
Thais: Nossa, eu não estava sabendo disso.
Tiago: Vão fazer uma turnê e os ingressos estão esgotados em quase todos os lugares do Brasil e está tendo um monte de confusões porque as filas estão tá um catarse assim gigantesco, sabe?
Thais: Nossa, como as pessoas são bizarras.
Michael: Mas usando outro exemplo de jogos nessa questão de expectativa, tu tem a franquia Fallout cujo os dois feitos por uma empresa, não lembro o nome, são produtos da era dos anos mil novecentos e noventa, RPG, isométricos ainda, super antiquados, depois completamente não user friendly. São jogos horríveis de você começar eles e são aclamados pela comunidade.
Thais: Eu estou vendo aqui que o primeiro foi desenvolvido pela Black Isle Studios. Nunca tinha ouvido falar dessa bagaça.
Michael: Eles declararam falência, daí você tem o três que é feito pela Bethesda. é em primeira pessoa, e ele pega esse estilo de RPG em primeira pessoa que tá mais popular hoje em dia e fez um puta acesso e daí veio o Fallout New Vegas que é de longe o favorito de pessoas da franquia. Feito pela Obsidian já que não tinha como a Bethesda fazer o jogo na época, então eles licenciaram para outra empresa fazer. E a Obsidian fez o jogo com o pessoal que trabalhava na Black Isle, foi o pessoal que trabalhava na maquiagem, fez o jogo, então o jogo tem muito mais inspiração dos jogos antigos adaptada nesse formato novo e isso estabeleceu benchmark ferrado para franquia, em termos de história e qualidade em geral assim em termos de mecânica de RPG mesmo. E depois com o lançamento de Fallout 4 aconteceu coisa que você falou com o Dragon Age. O pessoal simplesmente cagou para o jogo. Porque foda-se que o jogo estava muito mais bonito com gameplay repaginada com um monte de funcionalidade a mais com com muita coisa nova. Em termos de história e como um RPG ele num chegava perto do New Vegas, então foi uma quebra de expectativa ferrada. E daí eles pegam dois anos depois e agora lançam Fallout 76 que é um jogo multiplayer que mal história direito tem. Tu não tem NPC no jogo?
Thais: Só tem as pessoas?
Michael: Sim, é mais um MMO que um RPG, tanto é que o jogo flopou.
Thais: As pessoas em geral tão gostando ou a crítica dela?
Michael: Não!
Thais: Ah tá.
Michael: A única coisa que você tem no YouTube sobre esse jogo é crítica, basicamente.
Thais: é porque eu já vi jogos muito muito tipo é que perde totalmente a história mas simplesmente por você poder sei lá matar o seu coleguinha que as pessoas gostam.
Tiago: A gente falou de quebra de expectativas mas também a gente pode falar do sentido contrário também quando as pessoas não tem nada porque o que passou foi tão desastroso que qualquer sinal de melhora em alguma coisa as pessoas já celebram bastante. E isso me faz lembrar quando por exemplo quando a gente faz um paralelo com a política quando Fernando Collor foi destituído da presidência da república e o Itamar Franco assumiu a presidência ele obteve um um digamos assim um poder do ponto de vista de influência muito alto porque o Brasil estava numa situação tão complicada que ninguém ia sacanear o presidente. E aí eu acho que isso é um exemplo muito claro de quando você não tem expectativa nenhuma sobre nada e é e a coisa dá certo e aí as pessoas colocam a expectativa alta novamente, E eu acho que na política isso ocorre bastante assim.
Thais: É, eu geralmente adoto mais essa postura de esperar que as coisas vão dar errado, mas sem deixar de fazer o que eu acho que que eu tenho que fazer, só que tentando depois me lembrar fazendo o levantamento das coisas que deram certo e que deram errado em cada um daqueles momentos. Eu acho que isso acaba sendo útil inclusive pro trabalho, pro estudo, pro nosso desenvolvimento. Então uma coisa que eu faço sobre o meu trabalho é depois no final de semana parar e pensar quais foram as coisas que eu fiz bem ou que eu não fiz durante a semana, ao invés de simplesmente carregar só, “ah, nossa, essa semana foi uma droga, então eu tô chateada, viu? Só fiz besteira”. Ou” nossa, ou essa semana foi muito foda, fez tudo certo”. Acho que a gente parar e levantar os pontos positivos, negativos. E tem coisa que não é nem positiva, nem negativa, eu acho que é é outra questão de expectativa e realidade a gente não não devia tratar a realidade como algo binário, tem coisa que não não tá dentro de um lado nem do outro. Então acho que a gente se mantém crítico quanto a nossa realidade acaba ajudando também.
Tiago: Às vezes eu penso também que a questão das expectativas é um de certa forma um desli do presente. Acho que às vezes a gente quer ter o tanto o controle da nossa vida e de coisas que nos cercam que a gente tem muita dificuldade de lidar com o presente, de viver o presente mesmo assim e isso pode parecer até um pouco talvez motivacional, não sei. Mas assim é do ponto de vista de que a trajetória humana, a vida humana ela da maior parte do tempo bastante comum numa não acontecem coisas extraordinárias todos os dias todos os momentos então se a gente talvez conseguisse se preocupar em simplesmente viver do que analisar sempre todo e esperar grandes eventos provavelmente essa trajetória seria muito mais agradável.
Thais: Verdade eu acho que inclusive teve as pessoas todas agiriam de um modo melhor acho que atrapalharam menos umas às outras inclusive mas eu acho que viveriam se sentindo melhor também e tentando fazer com que a as coisas simples vamos dizer assim né dia a dia mesmo de coisas comuns se tornassem mais agradáveis do que se preparar só para grandes eventos.
Michael: Falando nisso, vamos acompanhar se o código de rastreio da minha encomenda atualizou.
Tiago: É isso, isso também envolve uma imensa. Principalmente o negócio ficar encalhado em Curitiba.
Michael: Na verdade não saiu da China ainda. O código de rastreio já me foi dado, só que não tem nada nele ainda. E pelo que me formaram o código rastreio só começa a passar as informações ele chega na quando o produto chega na Espanha. Então isso significa que ele ainda não chegou lá.
Thais: Mas isso aí me lembrou de outra coisa de expectativa e realidade que é a questão assim da de quando a gente vai fazer uma compra especialmente quando a gente faz compra pela internet eu pelo menos detesto ir comprar coisa pessoalmente apesar de saber que algumas coisas tipo roupa eu tenho ainda dificuldade de comprar pela internet mas tudo se eu puder comprar pela internet você tem que pegar fila sem ter que ver gente pra todos os lados e falar com atendentes eu prefiro só como a gente não está vendo aquilo que está comprando, muitas vezes a gente tem que ir atrás de reviews,Pessoas falando o que acharam, se compraram, se foi bom e isso eu acho que acaba ajudando um pouco, porém, a gente ainda tem, a gente passa a ter uma expectativa com nessas reviews que a gente vê por aí. E nem sempre também a realidade é atendida. Então às vezes a gente fica muito decepcionado achando que desperdiçou dinheiro com alguma coisa por conta disso ou o oposto. Às vezes também há alguma coisa que a gente quando fala ah esse negócio aqui está meio barato. Vou ver como é que é e às vezes é ótimo.
Michael: Qual dessas categorias a minha encomenda vai ser a gente vai descobrir daqui alguns dias. Na verdade não daqui alguns dias porque quando esse episódio chegar com muita sorte a minha encomenda já vai ter chego.
Thais: É. Esse episódio foi publicado a sua encomenda eu não sei se tiver chegado eu acho Você tem um problema? Eu acho que você vai ter uma quebra de expectativa bem grande. É eu sei que a gente já comentou coisas parecidas com isso ao longo de episódio mas eu acho que uma das formas de tentar lidar com com essa especialmente com a ansiedade e com os outros efeitos negativos que a gente tem com relação a muitas vezes a realidade está aquém das nossas expectativas é tanto a gente se planejar mesmo então no nosso planejamento já esperar que aquilo possa dar errado e se dar errado que que é o que que a gente faz então meio que uma árvore de possibilidades de de planos de ação mesmo, de planos de contingência do que fazer. Quando algo dá errado ou um pouco errado. Tem vários níveis para isso. Eu acho que ajuda. E às vezes também eu acho que vale a gente dar uns comandos mais diretos para nosso corpo. Tentar evitar pensar em algo que deu errado e que tá chateando a gente. Às vezes a gente não consegue, mas quando dá certo pra mim ajuda bastante. E tendo consciência de que algumas estão fora do meu controle, algumas coisas não estão nas suas mãos, então não adianta ficar se torturando com isso. A culpa muitas vezes não é sua. E ou a responsabilidade também não é assim.
Michael: E por fim eu só vou dizer que às vezes como existe a culpa não é sua. Então só vai descascar os gritos e sair correndo.
Thais: Aí você tenta ampliar o seu repertório de palavras de baixo calão pra cada vez que você falar uma diferente, não ficar sendo repetitivo.
(Fim do episódio)
Tiago: E se a gente começasse esse episódio falando o episódio todo fosse alguma coisa que não fosse sob expectativa e realidade, sabe? E a pessoa estava na expectativa que fosse o episódio sobre expectativa.
Thais: Bom, eu não sei se podia ser uma episódio mas a gente podia fazer pelo menos um bloco falando sobre algum assunto aleatório, e aí falar qual foi a sua expectativa.