Algumas pessoas acreditam que autistas tendem a se dar muito bem com outros autistas e a formarem amizades sólidas. Será verdade? Neste episódio, nossos podcasters falam sobre o que consideram na hora de construir uma amizade, os desafios em torno das relações entre amigos, interesses restritos de autistas e muito mais. Participam: Michael Ulian, Paulo Alarcón e Thaís Mösken. Arte: Vin Lima.
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Transcrição do episódio
Thaís: Olá pra você que é ouvinte do Introvertendo, esse podcast feito por autistas pra toda a comunidade. O meu nome é Thaís Mösken, eu sou autista, hoje eu trabalho como administradora de sistemas, tenho 30 anos e fui diagnosticada em 2018. E hoje eu vou ser host deste episódio em que a gente vai falar sobre amizades entre autistas.
Paulo: Olá pessoal, eu sou o Paulo, analista de sistemas e diagnosticado em 2018. Eu acho que eu sou um bom amigo, pelo menos.
Michael: E eu sou o Michael, o Gaivota, e autismo facilita muito achar gente que compartilha dos mesmos hiperfocos que eu.
Thaís: O Introvertendo é um podcast feito por autistas com a produção da Superplayer
& Co.
Bloco geral de discussão
Thaís: Eu gostaria de saber do lado de vocês rapidamente qual a concepção que vocês têm do que significa a amizade.
Paulo: Na minha concepção, a amizade é um tipo de relacionamento com uma pessoa onde você tem alguma forma de convivência de alguma forma frequente, seja pessoalmente ou virtualmente. Onde você vai ter uma troca de ideias e eventualmente de favores.
Michael: É algo fácil de você sentir, um pouquinho difícil de explicar, que basicamente eu defino amizade dependendo do nível de intimidade que eu consigo com uma pessoa. É fácil pra mim conversar com os outros, mas pra eu desenvolver um colega e se tornar um amigo já é algo bem difícil e eu literalmente acho que eu consigo contar nos meus dedos de uma mão só quantos amigos eu considero que eu tenho hoje em dia.
Thaís: Eu acho que essa questão de se sentir confortável com a pessoa ali, de trocar ideias, de gostar de conviver com a pessoa, de passar o tempo com ela são coisas bastante relevantes quando eu quero pensar se alguém se enquadra em amizade pra mim ou não. E por muito tempo pra mim isso tinha um sentido ainda mais rígido. Pensava: “não tenho amigos”, porque é um conceito realmente muito muito restrito, mas com o tempo eu fui percebendo que tem tantos níveis em que eu considero as pessoas que eu posso enquadrar como amizade várias pessoas com quem eu gosto muito de passar o tempo e de conversar mesmo que eu não necessariamente consiga ter esse tempo com frequência.
E se fala bastante que uma das características do autismo é a dificuldade de interação social. A gente já conversou sobre isso em vários episódios, então eu acho que seria legal a gente falar um pouco sobre qual foi a primeira vez que vocês tiveram contato com outros autistas e como foi a interação com os outros autistas.
Paulo: Uma coisa curiosa é que a minha primeira interação com autistas que estavam cientes de que eram autistas aconteceu justamente aqui com o podcast. Depois que eu recebi o diagnóstico, outras pessoas também receberam um tempo depois. E uma coisa que eu acho que é bem curiosa é que entre autistas a primeira interação ela pode ser problemática, no sentido de por exemplo ninguém tomar iniciativa pra ter um contato e iniciar uma conversa. Mas na maioria dos casos há uma tendência a encontrar pontos em comum entre autistas, não é sempre que isso vai acontecer, mas bastante comum.
Thaís: A minha primeira interação com outro autista também foi depois do meu diagnóstico, foi na empresa onde eu trabalho hoje. Essa pessoa veio me procurar exatamente porque ela nunca tinha tido contato com outro autista e especialmente por ser outra mulher autista ela se interessou muito e o assunto que a gente mais falava acabava sendo a respeito de autismo e coisas relacionadas a isso, o que não é comum. Não necessariamente as melhores interações sociais que eu tenho são sobre autismo (risos). Isso é uma coisa bem importante. Autismo não é a única coisa na minha vida.
Foi uma interação interessante. A gente tinha muitos pontos de diferença, mas alguns pontos em comuns tornavam a interação mais fácil, a gente conseguia entender melhor o que uma pensava ou o que uma tinha dito e algumas dificuldades pelas quais a gente tinha passado também. Então eu acho que a gente conseguia também se ajudar a fazer com que outras pessoas nos entendessem. Ou então uma de nós falava uma coisa e uma terceira pessoa não conseguia entender o que estava acontecendo, o que a gente queria dizer e a outra de nós tentava ajudar a explicar e às vezes as coisas ficavam mais simples.
Nem sempre isso era verdade, mas foi o tipo de interação diferente em relação às outras que eu já tinha tido antes. E depois disso foram as pessoas aqui do podcast, o episódio que eu gravei com o Paulo, e depois eu fui conhecendo as outras pessoas do podcast também, gravando com algumas, tendo mais afinidade com umas do que com outras devido aos meus interesses. E eu acho que essa questão de interesses é muito importante dentro do que eu considero uma interação social agradável.
Eu acho que algumas pessoas têm mais facilidade em falar sobre qualquer assunto e se sentirem bem com isso, eu posso falar sobre muitos assuntos diferentes, mas não necessariamente eu estou feliz em ter aquela interação. Então encontrar pessoas que tenham interesses similares aos meus acaba algo mais importante até quando eu penso em como eu gosto de ter as minhas interações sociais.
Paulo: Isso é bem importante. Porque muitas interações sociais que eu tive acabavam sendo fora de assuntos de interesse mesmo. E é muito mais agradável quando você encontra pessoas com interesse em comum. E é mais comum eu encontrar pessoas com interesses comuns mesmo que não seja estritamente sobre autismo no meio autista (risos). É algo que acaba até sendo um pouco engraçado. Se conhecer um outro autista mas não falar sobre autismo. Falar, por exemplo, sobre tecnologia, sobre ciências e tudo mais.
Michael: Eu demorei um pouco pra ter contato com outros autistas pra falar de autismo, isso só foi acontecer com o Saudavelmente quando eu já estava na faculdade, já estava quase no segundo semestre da faculdade quando isso começou. Foi a época que eu conheci o Tiago, Otávio, o Marcos. Mas meu primeiro contato com outros autistas na verdade foi bem mais cedo. Mais cedo até do que o meu diagnóstico. Porque eu sempre tive um hiperfoco muito grande em assuntos meio de nichos. Tanto na parte de paleontologia, quanto em ciências militares, geopolítica, então naturalmente eu sempre tive meio no meio desses grupos de nicho e esses grupos de nicho tendem a ser saturadíssimos de autistas. Então acabou que muitos colegas que eu fiz eventualmente alguns amigos que eu fiz nesses meios acabam que eram autistas que a gente descobriu. Um foi descobrindo, o outro foi também, um já sabia… Assim, então no meu caso eu tive essa experiência. Geralmente o meu primeiro contato com as pessoas autistas foi um contato fora desse contexto de autismo. Pra mim eu estava tendo interação com outras pessoas que eram… vamos lá, tão esquisitas quanto eu, mas sem nenhuma causa específica, ter um motivador por trás.
Inclusive isso acabou que numa parte facilitou minha interação depois com neurotípicos porque de uma certa forma isso me ajudou bastante a me abrir com outras pessoas, a criar essa facilidade que eu tenho hoje de ser amigável, amistoso com as pessoas. Mas por outro lado também complicou, porque bem, a grande vantagem de falar com outros autistas, principalmente quando tá dentro do seu nicho de interesse, isso é uma facilidade muito grande de você ter aquela coisa de você manter a conversa fluindo, de você ter o mesmo nível de interesse na conversa, mesmo nível de atenção conversa que quase nunca é a mesma coisa com quando você está falando com o neurotípico. É bem casos em ponto, você tem os neurotípicos que vão pilhar tanto em conversar naquele momento específico quanto você está. Isso assim é muito mais difícil.
Acabou que apesar de eu ter facilidade em ter colegas, a pessoa conseguir me aturar a ponto de essa amistosidade virar uma amizade mesmo foi algo assim bem raro de acontecer.
Thaís: Então no final eu acho que o que nós três acabamos colocando aqui é que mais do que a outra ser ou não autista em si, são as formas de interações que facilitam mais a nossa comunicação. Então ter um assunto de interesse que a gente topa ficar falando sobre aquilo por horas e horas e falando detalhes que talvez pra muitas pessoas pareçam ser um saco. E talvez a nossa conversa com essa outra pessoa que não tem essa vontade não flua tão bem, a gente não fique tão confortável com aquela pessoa.
Acho que também o ponto de falar com pessoas como o Michael falou “estranhas”, então eu vou colocar aqui algumas características que talvez as pessoas enquadrariam aí. Mas pessoas mais introvertidas, então, que não necessariamente queiram conversar em um ambiente mais barulhento, que não necessariamente queiram ir pra uma festa ou algumas dessas outras coisas que a gente já comentou também em outros episódios que a gente acha horríveis… acho que são várias características que fazem com que seja mais fácil, com que seja mais agradável a gente ter contato com algumas certas pessoas.
Apesar de a gente já ter falado um pouquinho sobre isso, uma das coisas que se fala por aí é que é comum pensarem que autistas se dão melhor com outros autistas do que com pessoas neurotípicas. Então pensando explicitamente nessa frase, vocês acham que isso é verdade ou que é um mito?
Paulo: Eu acho que é um mito, não acontece sempre e normalmente esse match ele acontece justamente quando tem duas pessoas com interesses muito em comuns mesmo. Mas o que eu já vi de treta entre autistas, principalmente na internet… quando entram em discussões, costumam vir brigas feias mesmo.
Michael: Inclusive eu imagino que muito dessa percepção de que autistas se dá melhor com autistas é um viés de confirmação. Porque é aquele negócio: a gente já tem aqueles nichos, aqueles interesses específicos, a gente até aquela tendência a amigar com pessoas com interesses parecidos e naturalmente isso vai acabar levando a gente a encontrar outras pessoas que por acaso também tem autismo e por acaso compartilham os mesmos interesses e aí vai facilitar muito essa interação.
Mas agora falando um pouco de experiência própria, no caso, eu não sei se eu já comentei antes em algo que foi pro ar no podcast mas eu tenho ódio gigantesco do Paulo Kogos e tudo que ele representa nesse meio de grupinhos de geopolítica. Apesar de que eu tenho também um ódio gigantesco por outros autistas que estão do lado oposto do espectro que ele tá, mas os cara que eu mais detesto geralmente tendem a ser autistas. Quando a gente exagera, a gente exagera mesmo. É aquele negócio, é 8 ou 80.
E geralmente você não tem isso tanto com neurotípicos. Mesmo quando você tá nesses grupos cheio de gente ufanista seja por uma coisa ou seja por outra, meio que acaba que nesses pontos quem tem esse hiperfoco, quem está dentro desse espectro tende a se destacar mais. E quando esse destaque é positivo, beleza. Você acaba criando uma amizade, acaba se dando bem. Mas quando esse destaque é de forma negativa você acaba detestando aquela pessoa. Muito. Muito mesmo.
Thaís: Isso tem inclusive relação com algumas coisas que eu já conversei com outras pessoas, por exemplo com o Tiago, sobre a rigidez de pensamento dos autistas. Então acho que isso tende a levar mais a extremos. Se a gente se dá bem, como o Michael falou, a gente encontra ponto em comum, tende a ser um ponto em comum que leva a momentos muito agradáveis. Mas se a gente encontra uma discordância, tende também a ser um ponto muito desagradável.
E por muito tempo eu acreditava que os autistas de modo geral eram pessoas muito mais racionais. A gente sabe que isso não necessariamente é verdade. Não é porque a gente é autista que a nossa forma de pensamento é mais baseada em fatos e menos emocional e por aí vai.
E algumas das maiores tretas que eu já ouvi falar, apesar de participar de redes sociais e nessas horas eu fico bem feliz com isso, mas foi justamente sobre conflitos e ideias dentro da comunidade do autismo. E por isso nós lançamos o nosso episódio 204 – Precisamos Falar Sobre Autistas Excludentes, que basicamente é um episódio sobre autistas treteiros, então se você tem interesse nesse tema, ouça lá o nosso episódio 204.
Bom, então nós já falamos um pouco sobre o que nós vemos de positivo em amizades entre autistas, nós já falamos um pouco sobre alguns problemas da comunidade e seria legal então vocês falarem um pouco do que vocês acham que são as desvantagens que uma amizade entre autistas?
Paulo: Há uma baixa tendência às mudanças. Há uma aversão às mudanças que elas podem provocar problema, principalmente num convívio que seja exclusivamente entre autistas. Isso não chegou a acontecer comigo, mas as amizades que eu tenho com outras pessoas no espectro envolve, por exemplo, não ir a eventos sociais (risos).
Michael: Um dos pontos que eu comentei na questão de neurotípicos que é a questão daquela incompatibilidade na hora que você tá com interesse e vontade de falar de alguma coisa e a pessoa não, apesar disso acontecer menos, quando você quando isso acontece com outra pessoa autista acaba sendo de novo de 8 a 80. Acaba sendo bem mais chato porque você fica naquela situação em que: tá, beleza, você não quer falar sobre isso com a pessoa ou talvez você não quer ouvir o que a pessoa quer falar sobre… mas pera, você também não vai falar isso na cara da pessoa. Porque isso não vai ser legal, vai ser meio grosseiro e é meio chato, mas aí você tem que ficar ouvindo aquela conversa quando você não tá interessado, você tá falando assim, você tá vendo que a pessoa não tá muito interessada no que você tá falando, mas você tá com muita vontade de falar sobre isso… Nossa, quando chega nessas horas de estar falando com outra pessoa que também está dentro do espectro, é chato.
Thaís: Pra você às vezes aprender novas habilidades, pra você se desenvolver em alguns aspectos, pode ser importante você ter uma pessoa diferente. Uma pessoa que veja as coisas de forma diferente, lide com o mundo de forma diferente. Então, eu já senti muito isso, principalmente no meu trabalho, em momentos em que eu não sei como me comunicar com alguém, com um público específico, às vezes um público muito extrovertido, por exemplo, ou mesmo pessoas que não são extrovertidas, mas eu preciso passar uma informação clara, preciso garantir que alguma coisa seja feita por exemplo. Às vezes se eu preciso pedir algo, por exemplo, também dentro do meu trabalho ou se eu preciso obter uma informação, muitas vezes eu preciso do apoio de uma outra pessoa que não seja autista e que conheça esse tipo de interação pra poder me dar algumas dicas. Ou então de uma pessoa que seja autista e já tenha passado por isso e tenha encontrado algumas estratégias de como lidar com esse tipo de situação.
Inclusive é uma coisa que eu tento fazer bastante, às vezes eu tento trazer aqui pro podcast também de pequenas estratégias que a gente vai descobrindo para lidar com situações que pra gente não são muito naturais, não são agradáveis. Então, em resumo, pra você se desenvolver de forma diferente do que você está acostumado, diferente do que já é natural pra você, pode ser importante lidar com pessoas diferentes e que tenham perfil diferente.
Paulo: Ah, isso é bem legal. Particularmente há uma classe de amigo que eu tenho que que nunca é autista, porque acaba sendo até inviável, que é o “porta-voz” ou como também no contexto de RPG pode ser conhecido como Face. É o tipo de pessoa que vai me ajudar ou ou vai transmitir informações que eu tenho de forma mais palatável pros outros. Geralmente é uma pessoa com uma tendência um pouco mais extrovertida e tira essa a maior parte dessa carga de mim.
Michael: Teve uma coisa que você falou, Thaís, que eu também meio que faço uso disso e algo que eu acho bem interessante que é essa questão de quando você está ali enfrentando uma situação nova e que você não tem experiência, você não tem ideia de como reagir a isso e você ir procurar ajuda de outra pessoa, geralmente alguém neurotípico, que não vai ter essa dificuldade de lidar com essa situação hipotética. Eu também faço isso tipo, eu dependo muito disso. Nem tanto hoje porque querendo ou não agora tenho bastante experiência social, então consigo mais ou menos lidar com a maior parte dos desafios que eu tenho no meu dia a dia. Mas de todo jeito, quando acontece algo novo que eu não estou preparado, eu tenho que recorrer a isso.
A única diferença no meu caso é que eu não recorro a pessoas, é uma pessoa na qual eu tenho confiança o bastante e também é alguém que sei que realmente tem uma experiência social bem melhor do que a minha e também é alguém que eu consigo transmitir essas dificuldades de uma forma que ela consiga entender o que eu estou querendo dizer com essa dificuldade. Porque uma coisa é você estar passando uma dificuldade, outra coisa é você conseguir explicar essa dificuldade pra outra pessoa.
Thaís: E a gente passou já há algum tempo então falando sobre como são as interações sociais de autistas seja com outros autistas, seja com neurotípicos e sobre como é importante essa questão de interesses em comum. Então um aspecto que acaba sendo uma curiosidade, mas que também motivou esse grupo gravar em conjunto, eu, o Michael e o Paulo, é que atualmente a gente joga RPG duas vezes por semana. Então é um nível de contato social até bastante alto pra algumas pessoas, se vocês forem pensar, e durante várias horas duas vezes por semana, a gente se conversa bastante com um grupo de mais várias pessoas que no caso não são diagnosticadas com autismo. Então queria, Michael e Paulo, que vocês falassem um pouco sobre como é essa essa relação, essa dinâmica que nós temos.
Michael: Entre o pessoal do podcast, a gente basicamente se reunia na hora de combinar a gravação. No muito fazia uma reunião aí pra falar com o que está o podcast. Mas fora isso, a gente se reunia pra combinar a gravação, se reunia na hora de gravar, às vezes rolava uma conversinha ali antes de gravar e beleza, é isso. Acabou. Ninguém mais se tocava, se falava, se comunicava até chegar o momento de reunir pro próximo episódio. Daí repete o processo.
Até que a gente teve a ideia de fazer o… a gente quando falo foi principalmente o Paulo, a ideia de fazer o episódio de RPG, o episódio especial. Teve uma organização bem legalzinha pra fazer, já teve um pouquinho mais de interação nessa fase de preparação. Porque pra algumas pessoas, inclusive eu, era a primeira experiência jogando. Então assim, tinha bastante dúvida, toda hora enchendo o saco do Paulo. A gente gravou o episódio, tá beleza, gravou está aí beleza, está certo, vamos voltar o processo e… tem uma mensagem pro Paulo no Telegram. Ele estava comentando comigo, perguntou se eu tinha gostado de jogar a sessão. Ele tava comentando que ele estava planejando outra sessão. Ele tinha chamado a Thaís que tinha jogado com a gente também. Daí beleza, vai ter mais algumas pessoas que não eram conhecidas minhas mas eram conhecidas dele. Vai ser bem tranquilo. Você não quer jogar também? Aí vamos jogar também. Porque a gente não vai?
E aí começou. Começou, daí, toda semana começou a ter sessão. Então, fui conhecer o pessoal, o Lucas, que é o namorado da Thaís, a Bela, que é a mulher do Paulo. Gente boa, tranquilo, a gente interagindo bem, apesar de continuar naquele negócio basicamente se resumiu a hora que a gente vai fazer a sessão, tem a mesma coisa talvez uma conversinha antes até todo mundo chegar, mas o foco mesmo é a sessão, a interação mesmo é jogar e geralmente quando rola alguma coisa em off é perguntando a sessão também. “Ah, a gente passou uma situação muito complicada, uma situação muito difícil, a gente tem que bolar estratégia pra próxima sessão. Ah, tem que planejar o levelup dos personagens, ah eu quero fazer isso, eu quero fazer aquilo, como a gente vai fazer isso, quando a gente vai fazer aquilo”, algo bem focado mesmo no jogo que a gente está fazendo.
E eventualmente daí também a Thaís outro dia vem no meu no Telegram também se não me engano. “Ah então, agora a gente vai fazer mais uma sessão, eu vou mestrar e vai ser assim, assim, assado, vai ter essa e essa é a pessoa que são diferentes, mas eu conheço eles, são pessoas boas, vai ser tranquilo, vai se divertido, vai ser legal. Quer participar?” Quero, beleza. Eu não sei se o Paulo e a Thaís jogam mais alguma sessão, mas pelo menos no meu caso eu estou jogando com ele essas duas sessões e também as únicas sessões de RPG que eu jogo porque é basicamente o tempo que eu tenho pra jogar.
Foi um negócio legal porque honestamente eu até tinha um pouco de interesse em começar a jogar RPG, mas eu não ideias de começar. E é engraçado que até conheci algumas pessoas na principalmente aqui da minha cidade mesmo que jogavam já, jogam desde pequenos, são pessoas que eu conheço e tudo mas eu nunca tive o nível de conforto com elas pra ter essa confiança de jogar com eles que nem eu tive com o Paulo e com a Thaís.
Paulo: No convívio no podcast, grande parte era só a hora da gravação mesmo, no máximo algum planejamento antes. A gente começou a ter aquela aquela interação maior quando foi ter esse episódio especial de aniversário com RPG e a partir daí deslanchou, mas pra mim também são as duas sessões que eu tenho contato com a Thaís. Dois dias da semana.
Thaís: Em minha defesa, eu nunca prometi que minha mesa ia ser legal, tá? (risos) Porque isso depende do que cada um acha (risos).
Paulo: Sua mesa é muito legal.
Thaís: Que bom (risos).
Michael: Não, isso é pra você ver o nível de confiança. Eu basicamente assumi isso. Eu basicamente assumi. Se estão chamando, é porque vai valer a pena o meu tempo. Eu confio em vocês o bastante pra assumir isso.
Paulo: (Risos)
Thaís: Eu atualmente jogo em várias mesas, mas eu nunca tinha mestrado nenhuma mesa. Eu estava bastante com receio. Eu comecei mestrando uma aventura bem fácil que é tanto pra mestres iniciantes quanto pra jogadores iniciantes. E porque realmente eu estava insegura em relação a isso. Então volta pro que a gente falou ali da questão de conforto. Eu não ia começar a mestrar uma mesa pra qualquer pessoa, tinham algumas pessoas que eu queria muito que estivessem na minha mesa. Então, claro, o meu namorado, o Michael, porque ele com o Galinha ali fez com que eu pensasse: “eu quero muito ter essa pessoa na minha mesa” (risos).
Paulo: (Risos)
Thaís: E o Paulo, que a gente já tava jogando junto. Então, ele mestrando pra gente, e aí depois eu convidei as outras pessoas. Então inclusive num momento de definir qual ia ser o horário essa era a minha prioridade, era garantir que as pessoas que eu queria muito que fossem jogar e estivessem presentes estivessem disponíveis naquele horário. E realmente tem sido uma experiência muito boa, tenho saído muito feliz das sessões.
Teve uma sessão que eu saí irritada e não foi culpa nem do Paulo, nem do Michael. E apesar de ser uma relação que é muito focada pra um objetivo específico, então as nossas interações elas costumam girar em volta do podcast e do RPG, isso não implica em ser uma relação menos proveitosa. Eu fico muito feliz com os nossos rolês de RPG que são pra mim pelo menos muito melhores do que sair com um grupo aleatório pra, sei lá, ir na praia, ir numa festa, ir no shopping, que são atividades que provavelmente eu sairia mais cansada, mais incomodada, não teria vontade de fazer.
Thaís: E agora a gente vai ouvir um áudio do nosso WhatsApp.
Amanda: Eu sou a Amanda Ganzarolli de São Paulo e sempre acompanho os episódios do Introvertendo. Particularmente o último programa com a temática indígena foi o meu preferido até o momento. E acredito que um dos motivos seja porque sai do estereótipo do autista que naturalmente é tratado nas pautas. E parte para o tema da interseccionalidade. Por isso venho aqui fazer um convite para o meu projeto de mestrado em comunicação na Universidade Metodista com a orientação da professora Cilene Victor e o apoio do CNPQ onde aborda a temática sobre a cobertura da imprensa sobre a questão de pessoas com deficiência que tem o status de refúgio. Então se você souber de algum venezuelano em qualquer lugar do Brasil que seja autista ou que tenha membros na família com autismo e puder compartilhar o contato com o Introvertendo será de grande ajuda para a minha pesquisa. Muito obrigada!
Paulo: Ah, e agora você pode mandar um áudio pra gente que será tocado aqui no final do nosso episódio. Mande um áudio de não mais do que 2 minutos, por favor, para o número DDD (62) 99465-6787.
Thaís: Espero que vocês tenham gostado do nosso episódio e até a semana que vem.