Muitos autistas gostam de dizer que não se identificam com atitudes sociais creditadas aos neurotípicos. Mas e quando autistas começam a “biscoitar” na internet? Ou seja, produzem conteúdos específicos apenas em busca por likes e validação social? Quais são os pontos positivos e negativos por trás dessas atitudes? Tiago Abreu e Willian Chimura debateram o assunto ao lado de Bruno Soares e Germanna Costa, ambos autistas, direto do Parque Estadual do Caracol em Canela, no Rio Grande do Sul, no primeiro episódio do Introvertendo com convidados gravado presencialmente em anos. Foto: Bruno Soares. Arte: Vin Lima.
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Transcrição do episódio
Tiago: Um olá pra você que ouve o podcast Introvertendo, que é o principal podcast sobre autismo do Brasil. Meu nome é Tiago Abreu, sou jornalista, host deste podcast, diagnosticado com autismo em 2015 e eu acho que o biscoito é uma ferramenta social muito válida.
Willian: Eu sou Willian Chimura, sou youtuber, também faço mestrado em Informática na Educação e na verdade eu estou gravando esse episódio só porque o Tiago me obriga, eu não gosto tanto assim de biscoitar pela internet.
Tiago: E diferentemente da maioria dos nossos episódios, nós estamos gravando ao vivo aqui de Canela, no interior do Rio Grande do Sul, pra poder falar sobre autistas biscoiteiros. Mas não está só eu e o Willian aqui, nós temos dois convidados especiais e quando eu falo especiais não é só por regra social, é porque eles são realmente especiais. Enfim, vou deixar que eles se apresentem.
Germanna: Olá, meu nome é Germanna, fui diagnosticada em 2020, sou formada em Biologia e estudante de Fonoaudiologia. Eu não biscoito na internet, eu me escondo na internet.
Bruno: Oi, meu nome é Bruno, eu faço Ciência da Computação, sou diagnosticado com autismo e também sou a última bolacha do pacote.
Tiago: E se você está conhecendo o Introvertendo agora, seja bem-vinda, seja bem-vindo, nosso podcast é feito por autistas e discute autismo em seus múltiplos contextos, incluindo esse tema que é sobre os autistas biscoiteiros. É importante eu reforçar aqui que esse episódio não é pra poder atacar pessoas e sim pra gente falar sobre as funções e as disfunções dos biscoitos. Vale lembrar que o Introvertendo é um podcast feito por autistas com produção da Superplayer & Co.
Bloco geral de discussão
Tiago: Se você começou a usar a internet ontem, talvez você nunca tenha ouvido falar da expressão “biscoitar”. Essa gíria já tá aí no nosso imaginário há um certo tempo. E biscoitar é basicamente fazer coisas pra chamar atenção na internet, pra ter um destaque, pra simplesmente ganhar likes, ganhar atenção, então é basicamente isso que é biscoitar na internet. Então os autistas biscoiteiros seriam autistas que querem likes, querem destaque em algum nível. Eu produzo conteúdo aqui com o Introvertendo e também com outras coisas relacionadas ao autismo e obviamente, em algum nível, eu quero um biscoito. Eu quero que vocês ouçam o podcast, eu quero que vocês consumam o conteúdo e comentem isso e que isso repercute de alguma forma. E eu queria saber a opinião de vocês, porque eu sei que cada um tá aqui em um certo nível de contato com o autismo e com produção de conteúdo de autismo, qual é a relação de vocês com essa questão do biscoito?
Willian: É, eu também sou produtor de conteúdo. Eu tenho o canal do YouTube, principalmente, tenho criado um pouco de conteúdo também no Instagram, mas confesso como eu disse aqui na abertura do do episódio, eu me vejo como uma pessoa na verdade que sou muito ruim em ganhar biscoitos. Eu acho que antes de começar a produzir conteúdo, eu acho que até era melhor nisso na verdade, porque quando eu tinha apenas um um perfil pessoal, eu simplesmente tinha vontade de simplesmente compartilhar algo no Facebook, por exemplo. Ah eu fiz uma viagem, concretizei algum projeto, tive alguma conquista… Enfim, era muito mais fácil e muito menos custoso de simplesmente compartilhar aquilo para… Enfim, você não não tem exatamente um objetivo bem definido, na verdade. Quando você pára pra pensar o porquê que as pessoas usam o Facebook, por exemplo, porque as pessoas usam Instagram, você não tem objetivamente um motivo assim tipo: “ah, não, é porque eu preciso disso pro meu currículo, pro meu trabalho, eu preciso, me faz viver melhor”, vamos dizer assim. E quando eu era eu usava as redes sociais para fins mais pessoais mesmo, eu me sentia mais confortável em compartilhar. Não entendo porque, na verdade. Ainda estou nesse processo até hoje. E eu me vejo numa posição que tenho uma certa dificuldade, até porque eu tenho uma filosofia da minha produção de conteúdo que eu tento valorizar o tempo de audiência, o tempo de atenção do meu espectador, da pessoa que está vendo o meu post ali, e biscoitar sempre me parece ir naquela situação que assim: “poxa, mas não tenho nada de produtivo pra agregar aqui nesse post”. “Eu não tenho nada de produtivo para passar nessa conquista”, por exemplo, que eu queria compartilhar, por mais que isso me traria algum prazer, a priori. Só que aí eu penso um pouquinho melhor e falo assim: “ah, acho melhor não porque enfim, não vai agregar nada na vida das pessoas”. Só que o problema é que não fazendo isso, você fica em menos evidência. Ficando em menos evidência, obviamente você cresce menos nas redes sociais, você tem menos likes, você tem menos engajamento pelo algoritmo. E para o produtor de conteúdo, isso acaba dificultando um pouco. Hoje eu vejo que se pudesse mudar um pouco sobre o meu comportamento, eu acho que eu deveria ser um pouco mais biscoiteiro na internet, na verdade (risos).
Tiago: É muito legal você falar isso sobre se sentir desconfortável ou sentir que precisava biscoitar mais porque é esse desconforto que eu sinto um pouco principalmente com o meu Twitter, porque em 2020 eu recebi o selo de verificado do Twitter e isso me colocou numa situação de pressão mesmo, tanto de produzir conteúdo legal, quanto de crescer e etc e ao mesmo tempo não querer me expor. Porque eu tenho um pouco desse perfil. Eu prezo muito pela privacidade da minha vida pessoal e é meio estranho falar isso, porque eu produzo conteúdo falando sobre autismo na internet apesar de não querer expor minha vida pessoal. Eu tô sempre nessa tensão. Falar da minha vida pessoal é um mal necessário. E aí eu eu acho que quem acompanha conteúdo sobre autismo ou sobre outros de redes sociais têm uma percepção diferente de quem tá em evidência. Então acho que isso é muito legal até de saber da percepção da Germanna e do Bruno.
Germanna: É, eu não sou produtora de conteúdo, já considerei na verdade fazer alguma coisa, mas eu consumo bastante, principalmente depois do meu diagnóstico. E eu tenho essa sensação de na verdade tentar compreender todo o panorama antes de me manifestar ou de falar algo a respeito, de postar algo realmente. E eu tenho a sensação de que essas manifestações individuais que são vistas como busca por biscoito são válidas, na verdade, no sentido da gente compreender que as pessoas se manifestam de formas diferentes e a gente também compreender de uma forma pessoal e menos direta o que ocorre. Então eu acho interessante, na verdade, apesar de que não é o que eu costumo mais consumir. Eu costumo consumir conteúdos que sejam mais específicos diagnósticos ou relacionados a partes mais objetivas, mas eu acho interessante qualquer forma ver como as pessoas se relacionam com isso. E me deixa reflexiva, na verdade.
Bruno: Pois eu não eu não crio conteúdo de autismo e na verdade nem consumo tanto conteúdo relacionado ao autismo também. Na verdade, eu tento me ausentar o máximo possível de redes sociais. Acho tudo um monte de falsidade artificial parassocial, enfim. Não sei… nunca trouxe muito pra minha vida assim tipo procurar aprovação dos outros em redes sociais. Sei lá… eu nunca me importei muito com o que os outros estão fazendo e é um mistério pra mim porque alguém se importa tanto com o que outra pessoa come ou sei lá, ou tira foto em algum lugar. Mas eu também nunca vi esse problema em criticar outras pessoas por biscoitar. Não sei, nunca vi um problema relacionado a isso.
Tiago: Eu pensei exatamente nesse tema no sentido de que eu vejo uma discussão na comunidade do autismo, principalmente entre autistas, que me incomoda profundamente, que é aquele discurso de: “ah, porque eu sou diferente dos neurotípicos”, “ah porque em algum nível não ligo pras convenções sociais”, alguns autistas falam isso. Mas ao mesmo tempo, eu vejo muitos autistas querendo atenção na internet como os neurotípicos. E aí eu vejo que alguns autistas não admitem isso, tipo “não existe”, sabe? “Porque autistas não ligam pra essas coisas”. E eu acho que isso é uma armadilha, sabe? Eu não sei qual a opinião de vocês, mas pra mim isso é uma armadilha porque isso tira a humanidade dos autistas. Autistas podem querer biscoitar sim! Autistas podem ser carentes de atenção sim! Carentes por likes sim! Eu acho que o autismo, sendo uma deficiência que é caracterizada pela dificuldade de interação social, principalmente aqueles que talvez não vão ter uma rede de pessoas na vida real, talvez vão enxergar na internet um ambiente pra ter essa vida mais ativa. E eu acho que essa é a grande questão. O biscoito talvez não seja uma questão de ser bom ou ruim, depende muito do contexto. Vocês acham que tem algum contexto em que ser biscoiteiro seja bom?
Germanna: Enquanto o Tiago falava, eu pensei principalmente que um fenômeno que acontece principalmente vinculado ao diagnóstico na vida adulta, e que é uma coisa que provavelmente não ocorria tanto antes, que era a questão de se sentir pertencente e validado pelas pessoas ao compartilhar experiências que a princípio podem ser tão solitárias. E aí quando você entra na comunidade ou encontra pessoas autistas, nesse contexto e você compartilha e é validado, recebe uma identificação, isso pode reforçar esse comportamento de compartilhar mais e de ter algo que até então não era tão comum de se ter. Isso é algo que pode ser bom pra pessoa.
Bruno: Eu acho que qualquer motivo é bom pra biscoitar, sinceramente. Se te traz felicidade postar uma foto de de biquíni ou de calção na praia, vai lá parça. Força! Tipo, não causa mal pra ninguém. Eu acho que também sou instintivamente contra esse tipo de acusação de hipocrisia, por exemplo que “ah porque é autista então pode não pode agir de tal forma”, de ser hipócrita, não sei. Eu acho que tipo a razão de tu fazer alguma coisa não é tão importante, sabe? O que importa é a coisa em si. E se a coisa não tem problema e só traz benefício pra pessoa, não vejo qual é o problema.
Willian: Ao mesmo tempo que quando a gente discute isso de uma forma “racional”, em um diálogo em que vamos falar abertamente sobre isso, é claro que é muito óbvio de se ter ideias do tipo: “ah, tudo bem biscoitar”, “ah, isso faz bem pras pessoas, isso é legal e é bacana”, “vai lá, aumenta a autoestima” e etc. Mas ao mesmo tempo, por exemplo, eu vou gravar um episódio de podcast e vou falar sobre isso, não quero julgar as outras pessoas, porque é algo bom de se fazer, mas ao mesmo tempo eu não fiz, né? E aí fica esse detalhe, por que eu não fiz? Muito provavelmente, no meu caso, eu entendo que eu tenho tanto receio de se fazer isso justamente por ter um histórico de vários outros contextos que eu já vi outros autistas e outros produtores de conteúdo fazendo posts que são considerados muitas vezes forçados, que são considerados muito relacionados a chamar a atenção para a própria pessoa e não necessariamente supostamente para uma causa que está sendo defendida, ou algo nesse sentido. Inclusive até tem alguns episódios [de ensaios sensuais] nas queimadas na Amazônia que o Tiago adora esse acontecimento e que gera algumas produções de conteúdo que acabam sendo cômicas, viram memes, motivos de chacota. Então, querendo ou não, sim, tem uma parte que acaba virando muito aversiva que você corre o risco, como produtor de conteúdo, de se desviar do foco ou supostamente estar defendendo uma causa, uma ideia nobre, enquanto na verdade no fundo no fundo no fundo o seu objetivo é realmente se sentir bem por ganhar mais likes. E eu certamente fui condicionado a pensar que isso é indesejável, é muito ruim e a tal ponto que quando eu uso minhas redes sociais, eu uso muito mais em relação a produtividade e não em relação a simplesmente biscoitar. Tanto é que eu falei que talvez eu tenha que biscoitar um pouco mais porque justamente eu não cresço tanto nas minhas redes sociais quanto eu poderia por conta desse controle aversivo.
Tiago: É, exatamente. Eu acho que existem alguns contextos em que há uma linha muito fina entre o satisfatório pra própria pessoa e o ridículo. Então é como você falou dos casos da Amazônia, sabe? Aí vai a pessoa vai lá fazer um ensaio sensual no meio da Amazônia pra lutar contra as queimadas, sabe? (risos). É uma coisa assim que é engraçado em um certo nível, né? (risos). No contexto do autismo, por exemplo, eu já vi algumas vezes autistas postando fotos assim falando: “ai, eu tive uma crise hoje”, sabe? Algumas dessas publicações são boas no sentido de desmistificar a ideia de que um autista, uma pessoa que tem a sua independência, que tem um “comprometimento” menor em algumas questões da vida, não vai ter dificuldades no dia a dia, né? Não vai ter um contexto de sobrecarga, um contexto bem complicado. Mas às vezes eu sinceramente e aí eu posso tá sendo equivocado, vocês podem meter o pau em mim aqui… Mas eu fico às vezes fico pensando e aí pode ser um julgamento moral meu de que se eu, enquanto autista, tô tendo uma crise, a última coisa que eu vou fazer é ter tempo de ir na internet falar que eu tô tendo uma crise ou postar uma foto com emoji chorando, sabe? Então é essa coisa, entendeu? E aí eu acho que isso torna o tema delicado de discutir, porque aí a gente talvez tá atravessando uma fronteira meio moral das coisas.
Germanna: Eu não necessariamente vejo um problema em expor desta forma pessoal e de até buscar biscoitos nesse contexto. Eu não me preocupo muito com o motivo, mas eu me preocupo com perfis que tem muitas visualizações ou que tem muito contato com pais e pessoas da comunidade e que tem uma certa responsabilidade em transmitir informações. Então se na publicação acontece de se desvirtuar da causa, eu acho que isso pode ser um problema, porque as informações vão ser transmitidas de uma forma ruidosa e indesejável que não é tão fácil discriminar se aquilo é realmente algo que corresponde a uma experiência um pouco mais objetiva e uma informação que deveria ser transmitida pros pais e pra outras pessoas daquela forma ou é uma experiência extremamente restrita. Então eu acho que em alguns contextos poderia ter esse cuidado do que se transmite e da forma como se diz de acordo com o público que se tem, que se sabe que se tem.
Willian: É, e tem aquela questão que o Tiago falou sobre, “ah, se eu tô tendo uma crise, a última coisa que eu vou pensar é em publicar uma foto na rede social” e isso de fato provoca questionamentos do público nesse sentido de que: “poxa, o quanto será que aquele conteúdo daquele daquele produtor, daquele ativista, daquele influencer, não tem muito mais a ver com os biscoitos do que realmente com o suposto compromisso em orientar pais?”, como acontece muito no caso do autismo. Então eu vejo se levantando muito esses questionamentos e não é raro ver pais justamente querendo desvalidar até o diagnóstico de alguns autistas. “Não, mas você não é autista, se você fosse autista não estaria fazendo isso, você não estaria postando dessa forma”. E aí isso causa toda uma confusão e aí costuma na verdade se produzir mais conteúdo ainda sobre isso, quando há esse tipo de de provocação, de desafio e aí vem mais biscoitos ainda por consequência, então assim, acaba sendo realmente uma coisa como a Germanna falou, ruidosa, e talvez até de contribuir um pouco no sentido da gente fragmentar mais ainda a comunidade e criando tretas desnecessárias enquanto não conseguimos nos articular enquanto movimento social, enquanto comunidade ou enfim.
Tiago: Ah e só pra lembrar, não é só autistas que biscoitam também não, tá? Familiares também biscoitam e às vezes biscoitam de uma forma bem errada, postando vídeo de autista tendo crise, mas isso não é o foco do episódio antes que alguém pergunte.
Germanna: E um outro ponto que eu pensei é que pensar que um autista não pode biscoitar é de certa forma reduzir a pessoa autista a um diagnóstico e não considerar que essa pessoa tem outras características além do autismo. E que ela pode biscoitar por outros motivos. Eu entendo que a preocupação é realmente mais relacionada às informações que são passadas ao público que se tem e esse cuidado em relação a orientar e conseguir compreender melhor o que se diz e a melhor forma de se dizer.
Bruno: Eu acho complicado ficar discutindo isso, me parece uma pureza de causa e de propósito nesses posts desse grupo de autistas, porque invariavelmente eles também são membros da comunidade, então a modalidade de autismo deles também está dentro do enquadramento. Não entrando no caso, como o Tiago falou, de familiares e coisas assim. Se a pessoa tem livre arbítrio, ela posta o que ela quiser. Eu acho também que o Willian e o Tiago estão muito mais envolvidos nessa comunidade, então a mim me parece que esses problemas acabam parecendo muito maiores do que eles realmente são, pelo menos assim à primeira vista, porque eles têm muito mais contato com isso, veem todo dia, né? Eu que fico mais na minha, eu não fico me envolvendo tanto na comunidade, não tenho tanto assim essa impressão. E eu acho importante ressaltar que no final das contas essas pessoas não são o “inimigo”, sabe? Nem os pais irresponsáveis, já vou entrar no assunto aqui, nem os pais irresponsáveis que postam as coisas que postam. Eu acho que são bem intencionados, não são os inimigos, sabe? Realmente não acredito que eles causam um mal real a causa e sim acabam gerando dentro de nós, autistas, uma certa aversão porque nós nos vemos passando vergonha alheia por intermédio deles.
Germanna: O que eu entendo é que eu já acompanhei em alguns momentos é que com o objetivo de obter apoio, de vieses que acontecem na comunidade, informações imprecisas que podem ser prejudiciais são passadas propositalmente só com o objetivo de ganhar biscoitos. Então isso eu acho um ponto mais perigoso, principalmente relacionado a critérios diagnósticos ou questões relacionadas. Então mudar informações que não são tão subjetivas pode ser um problema, porque tem uma validação, as pessoas interagem positivamente, os familiares acompanham aquilo e acreditam realmente como uma verdade quando na verdade a informação está sendo reconhecida, compartilhada e validada, mas é uma informação imprecisa que pode ser diretamente prejudicial porque são informações que não são fidedignas.
Willian: É mesmo, até porque essa questão de receber o biscoito e realmente eu já infelizmente isso que a Germanna falou realmente, já presenciei várias vezes, tanto por parte de autistas, como pais de autistas, na verdade isso todas pessoas fazem pelas redes sociais que é elas compram uma briga, defendem um ponto e aí como influencer, por exemplo, como alguém que tem muitos seguidores ou enfim mantenha o seu ponto, arranja argumentos de várias outras fontes e distorce eles se forem necessários para continuar ganhando esse biscoito e para ainda manter principalmente ter aquela sensação de que “poxa, eu não falei besteira, não estou falando besteira, as pessoas estão comigo, tem muita gente que me dá apoio ainda” e aí mantém essa narrativa que muitas vezes é distorcida, que muitas vezes pode ser nociva. No caso de autismo pode ser sim, realmente pode influenciar no caminho da procura de um diagnóstico, no caminho da procura de um tratamento ideal para o seu filho, que infelizmente acontece muito na comunidade do autismo hoje. E então realmente tem esse problema. Eu vejo isso acontecendo também na comunidade.
Tiago: E talvez a gente pode concluir, a partir disso, de que existe na comunidade do autismo uma finalidade pelo menos social no geral de trazer informação sobre o autismo. E todos, mesmo naqueles que querem biscoitar, vão se amparar nisso porque é aquilo que traz mais validade social. Então talvez o que nós precisamos é levantar uma bandeira na comunidade falando: “olha, autistas querem e podem biscoitar! Vamos biscoitar à vontade”. Então vamos biscoitar com responsabilidade. Se vai biscoitar, só biscoita. Se vai trazer informação, deixa claro que é só informação e vamos fazer isso à vontade, né? Agora o que a gente só não pode fazer é distorcer as coisas em tom do biscoito, aí talvez pode ser o ponto negativo. E você que ouve a gente, você biscoita? Você gostaria de biscoitar mais na comunidade do autismo? Qual é a sua opinião sobre nós do Introvertendo? A gente deveria biscoitar mais também? Então envie uma mensagem pra gente nas redes sociais, continue acompanhando o nosso conteúdo e a gente volta semana que vem com mais um episódio. Um abraço.
(Fim do episódio)
Bruno: Desculpa, eu ia tossir, aí eu segurei, daí deve ter parecido que eu espirrei.
Germanna: (Risos)
Bruno: Eles vão com certeza reclamar do Corona, 100%, se eu fosse tu regravava, senão o cancelamento vem.
Willian: Aí o Tiago depois coloca: “Comunicado”.
Bruno: …do cancelamento (tossida).
Tiago: Mas eu acho que não pegou no áudio, ou você acha que pegou?
Bruno: Não sei.
Tiago: É, porque é um microfone dinâmico.
Willian: Mesmo que tenha pegado no áudio não vai dar pra…
Tiago: É.
Bruno: Mas o problema não é a ação em si, é tipo a ação…
Tiago: Tem mais alguma coisa?
Willian: Não, grava esse negócio, pelo amor de Deus, vamos embora!
Germanna: (Risos)
Tiago: Beleza.