Um dos primeiros familiares de autistas a embarcar na pesquisa e no ativismo do autismo, Bernard Rimland teve um largo histórico de estudos sobre as características do autismo, dialogou com outras figuras históricas do tema e também também abraçou ideias equivocadas sobre as causas do autismo no fim da vida. A história é contada por Luca Nolasco, em texto de Tiago Abreu. Arte: Vin Lima.
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Transcrição do episódio
Um dia, apenas profissionais falavam sobre autismo. E pais e mães, estigmatizados, tiveram que lutar para terem um lugar de respeito dentro da comunidade. No nosso quarto episódio de figuras históricas do autismo, é a vez de falar de um dos primeiros famosos pais de autistas da história. Com vocês, Bernard Rimland.
Judeu, Bernard Rimland era filho de imigrantes russos e, durante a adolescência, viveu em San Diego, na Califórnia. Logo surgiu o interesse de estudar Psicologia, curso do qual se graduou na Universidade de San Diego. Na década de 50, ele já era PhD em psicologia experimental na Universidade Estadual da Pensilvânia.
Rimland vivia uma carreira sólida e estável enquanto pesquisador. E quando seu filho Mark nasceu em 1958, definitivamente passou a adentrar um novo universo. Tempos depois, ele estava confuso com algumas atipicidades da criança e, após ler muito, chegou a conclusão de que provavelmente seu filho era autista.
Nessa época, a ideia de que o autismo era causado pelas mães estava em pleno auge. Convencido de que a ideia de “mãe geladeira” estava equivocada, ele começou a ler artigos publicados sobre autismo ao longo do tempo, trocava correspondências com pesquisadores, entre eles Leo Kanner, e carregava consigo uma hipótese de que o autismo era genético.
Não demorou muito para que Rimland trocasse farpas com Bruno Bettelheim que, na altura do campeonato, já sabia o concorrente que tinha em vista. Em 1964, era publicado um livro com as pesquisas de Bernard, chamado Autismo Infantil, com prefácio de Leo Kanner.
O livro nem fez tanto sucesso assim, mas um questionário no finalzinho dele, com 76 perguntas objetivas sobre autismo, fez com que muitas famílias trocassem correspondências com Rimland. Foi aí que ele conheceu outras pessoas interessadas na causa do autismo. Em 1965, ele foi um dos fundadores da Sociedade Nacional para Crianças Autistas, uma das mais antigas organizações de autismo dos Estados Unidos. Ele também foi o fundador da Autism Research Institute, em 1975.
Se Rimland não ganhou tanta fama se opondo a Bettelheim, ele certamente foi o precursor. Além disso, seu contato com famílias de todo o país ajudou a formação de outras organizações e movimentos em torno do autismo. Na década de 1980, ele foi um dos consultores para o filme Rain Man, a primeira grande produção de Hollywood que abordou o autismo.
No entanto, Bernard também não era completamente santo. Durante a década de 1990, já idoso, ele apoiou tratamentos e técnicas sem evidências científicas, como a comunicação facilitada e terapia de quelação. Além disso, ele tinha fortes crenças de que autismo tinha relação com vacinas.
Já completamente fora do circuito mainstream do ativismo do autismo, e com sua organização pioneira engolida pela Autism Speaks na década de 2000, Bernard Rimland morreu aos 76 anos, vítima de um câncer de próstata, em novembro de 2006.
É claro, a história do autismo não é somente uma história americana ou de americanos. No próximo episódio da série, vamos falar sobre a mulher mais importante da história do autismo, a psiquiatra britânica Lorna Wing. Não perca.
A série de figuras históricas do autismo é um conteúdo narrativo do podcast Introvertendo. O texto é de Tiago Abreu. A locução é de Luca Nolasco. E a edição é de Glauco Minossi. O Introvertendo é uma produção da Superplayer & Co.