Introvertendo 139 – Bruno Bettelheim

Ele foi uma das figuras mais influentes na década de 1960 sobre o autismo. Bruno Bettelheim levou até às últimas consequências a ideia de “mãe geladeira” com pressupostos da psicanálise. Luca Nolasco conta para nós esta história e suas consequências, por meio de texto escrito por Tiago Abreu. Arte: Vin Lima.

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Transcrição do episódio

Na história do autismo, tivemos aqueles que ganharam o reconhecimento histórico pelos seus feitos e também pelos seus fracassos. No nosso terceiro episódio de figuras históricas do autismo, lidamos com uma das pessoas mais controversas e que, por suas ações problemáticas, colheu os frutos ainda em vida. É a vez de Bruno Bettelheim.

(Abertura do Introvertendo)

Bruno Bettelheim foi um dos judeus que se tornaram conhecidos como uma das primeiras autoridades sobre autismo. Ele nasceu em Viena, na Áustria, em 1903. Foi ex-comerciante de madeira, estudou arte, chegou a ser preso num campo de concentração por meses e fugiu para os Estados Unidos em 1939. Foi nesta época, inclusive, que aprendeu inglês.

Bettelheim, pouco tempo depois, se tornou um fenômeno midiático. Era um colunista popular, escrevia livros sobre educação e psicologia infantil, além de reportagens em revistas famosas. Durante algumas décadas, era reconhecido como um grande psicólogo, um doutor.

A história de vida de Bruno é bem complicada para seus biógrafos, porque ela estava recheada de mentiras e exageros. Uma revisão do livro Outra Sintonia, de John Dovan e Caren Zucker, diz que além da formação artística e da sua prisão durante o regime nazista, Bruno tinha o costume de usar um carisma nato para elevar a sua imagem e popularidade. E conseguiu.

Com influência da psicanálise, não demorou muito que Bettelheim resolvesse falar sobre autismo. Seus discursos iam desde a experiência de autistas em dentistas até a ideia de que eles estavam encapsulados. Foi ele quem levou às últimas consequências a ideia de “mãe geladeira” que o pioneiro Leo Kanner disse para a revista Time em 1948.

Em 1967, era lançado o livro A Fortaleza Vazia, que foi um best-seller e considerado uma referência sobre autismo por muito tempo. Neste livro, ele fazia comparações de autistas com prisioneiros de guerra para afirmar que as mães causavam o autismo de seus filhos.

No fim dos anos 60, Leo Kanner entrou numa disputa pública com Bettelheim, e ridicularizou o livro. Foi assim, que antes da morte, o pioneiro sobre autismo voltou atrás e considerou que autistas eram autistas desde o nascimento. Já Bruno insistiu em sua versão até o fim. A resistência ao discurso da “mãe geladeira” foi crescendo à medida que mães e pais se faziam mais participativos da comunidade do autismo.

Sua popularidade foi se definhando no mesmo ritmo que sua saúde mental. Ele recebeu acusações de violência em suas intervenções, plágios e falsificações de currículo. Afinal, Bruno não tinha formação em psicologia. Além disso, a morte de sua esposa também complicou o que era difícil. Em 1990, ele se suicidou.

Hoje, o trabalho de Bettelheim é conhecido como uma das fases sombrias da história do autismo, em que o discurso da psicanálise, hoje desacreditado nas ciências em geral, ainda gozava de popularidade. Infelizmente, ainda há quem utilize as mesmas bases para negar a genética do autismo.

Uma das principais figuras que combateu as ideias de Bruno Bettelheim em torno do autismo foi um pai, chamado Bernard Rimland. Mas isso é história para o próximo episódio da série.

A série de figuras históricas do autismo é um conteúdo narrativo do podcast Introvertendo. O texto é de Tiago Abreu. A locução é de Luca Nolasco. E a edição é de Glauco Minossi. O Introvertendo é uma produção da Superplayer & Co.

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