Introvertendo 12 – Telefone Esperto

Depois que a Nokia decidiu investir em tecnologia com a NSeries, a Apple surgir com o iPhone e o sistema operacional Android ser lançado até conquistar o mundo, os antigos telemóveis se transformaram no que chamamos, hoje, de smartphones. Do tijolo ao VTNC A PORCARIA DA TELA QUEBROU DE NOVO, nossa equipe vai fazer um retrospecto histórico que inclui a ascensão e a queda da Nokia, a tensão entre iOS e Android, e as aplicações que facilitam nossas vidas no dia a dia.

Participam desse episódio Guilherme Pires, Luca Nolasco, Otavio Crosara e Tiago Abreu.

A ideia de tema surgiu por Tiago Abreu, e o título do episódio foi definido por Michael Ulian.

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Vídeos e dados citados no episódio

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Transcrição do episódio

Tiago: Um olá pra você que escuta o podcast Introvertendo, esse é o nosso décimo segundo episódio e dessa vez nós vamos falar sobre smartphones, como eles são as nossas bençãos e as nossas maldições em nossa vida. Meu nome é Tiago Abreu e eu chorei quando a Nokia saiu do mercado.

Luca: Oi, eu sou o Luca, e eu gosto de marcas chinesas.

Otávio: Oi, eu sou o Otávio e, Deus do céu, eu amo esse negócio. Cara, a internet foi a invenção do Século 20, mas o smartphone foi a invenção do Século 21. 

Tiago: E você, que está aí usando o seu smartphone para ouvir a gente, seja aí no iTunes ou também em outro agregador de podcasts, você pode mandar o seu email para nós no ouvinte@introvertendo.com.br, e no nosso site introvertendo.com.br encontrar as nossas redes sociais, nosso Twitter, Instagram e Facebook, sempre pelo nickname introvertendo. Está no ar com vocês mais um episódio do nosso podcast.

Otávio: Lembrando que, se tratando de smartphones, como eu poderia esquecer? MANDA NUDES!

Luca: Para você que que escuta podcast enquanto tá no banheiro, aproveite esse momento em que possivelmente você não está fazendo nada de tão produtivo, escreva um email, sei lá, qualquer coisa com opinião que já serve pra gente moldar o podcast.

Tiago: E se você também não se sente confortável em enviar um email, só queira comentar, nós temos aí a nossa plataforma de comentários onde estão nossas postagens, nossas publicações, no introvertendo.com.br. Vamos lá, né.

Bloco geral de discussão

Tiago: Antes de falar de smartphones é importante a gente situar a nossa convivência com os celulares. É impossível não falar de celulares nos anos 2000 e não falar da Nokia, a que simplesmente fundou todo esse conceito de telemóveis que a gente trabalha hoje. Inclusive, as minhas primeiras memórias de criança, quando meu pai começou a ter uns celulares  modernos, eram alguns aparelhos da Nokia, e eram aparelhos gigantescos. Eu lembro que ele tinha um 5120, com antena e teclado. Você tinha uma tela bem simples, não tinha nem toques direito, era algo bem rústico, mas a Nokia foi ganhando esse mercado com milhões de vendas, principalmente a partir do momento que a empresa se direcionou a dar uma melhorada no hardware e utilizar muita pesquisa para esse conteúdo.

Otávio: Exatamente, eu lembro quando eu ganhei meu primeiro celular, acho que foi um bem parecido com seu pai. Foi no aniversário, eu acho que eu tinha oito anos.

Tiago: Nossa, que precoce!

Otávio: É, mas eu era muito irresponsável e tinha pedido um cachorro, mas a minha tia me deu um celular. Eu fui amaldiçoado pela minha família. Eu nunca esqueci esse evento trágico.

Tiago: Gente, eu ganhei celular muito tarde, eu já tinha treze anos.

Otávio: Eu lembro da época onde todo mundo tinha um telefone fixo. O telefone fixo era maior do que a palma da sua mão, entendeu? Se você colocasse ele na mão, ele caía da sua mão.

Luca: Definitivamente, ele cai da mão de uma criança de oito anos, eu tenho certeza.

Otávio: E aí, veio o celular, que era uma negócio que era um aparelho de comunicação que até uma criança de oito anos conseguia colocar a mão e fechar. Era um negócio louco.

Tiago: Além de tudo, tinha um aspecto muito interessante sobre celulares para crianças, jogos. Você tinha o Snake, o famoso jogo da cobrinha. Você tinha o jogo da motinha no 2280, um modelo azul da Nokia, que alguns vão lembrar da tela e teclado todos azul.

Luca: Era aquela tela de cristal líquido, né?

Tiago: Sim. E também tinha, em alguns modelos que já começavam a se modernizar, o Space Impact, com várias fases e chefões que você tinha que matar e tudo mais.

Otávio: Eu nunca consegui zerar.

Tiago: Eu zerei com muito esforço. Eu lembro que eu usava algumas técnicas porque eu sempre morria na terceira missão, e eu sabia que se eu ficasse um cantinho da tela, o bicho não me atingia diretamente. Aí eu pegava ele por trás.

Otávio: Dark Souls não vence em nada Space Impact. Eu lembro que quando eu tinha o celular, o levava pra escola, as crianças também tinham. O celular era um negócio que, se você comparar com os de hoje, eles eram uma pedra, um celular tijolo, certo? É um negócio resistente, hoje a gente faz aquela piada…

Tiago: …que, se você jogasse no vaso e desse descarga nos produtos da Nokia, o vaso quebrava.

Otávio: Exatamente. Por que o celular daquela época, tão resistente, tinha uma capa? A capa é para proteger do lado de fora, o mundo, do celular.

Luca: Há uma coisa interessante com esses celulares antigos: você podia ficar no caixão debaixo da terra e ele pegava sinal. Ele tinha restrição sobre o sinal te afetar ou não, então, ele pegava qualquer sinal. Aí, hoje em dia, eles já colocam uma proteção sobre o receptor para causar menos prejuízo para a pessoa, até porque a pessoa coloca, geralmente, o celular do lado do saco. É ótimo que evitem problemas futuros com isso.

Tiago: E com relação a proteção, que você tinha muito desse estereótipo com a Nokia,  isso acabou continuando historicamente porque eu lembro que, em 2014, já na na época do Nokia Lumia, um cara levou um tiro, bateu no celular e não atingiu o cara. E as pessoas ficaram fazendo piadinha: “ah, se fosse nos tempos antigos, a bala teria voltado”.

Otávio: Também brincam que, se o Voldemort tivesse feito uma Horcrux com o celular da Nokia, a história teria sido bem diferente.

Luca: O primeiro vestibular que eu tive foi em 2011, eu não peguei exatamente essa época dos celulares meio sem internet. Na época eu não tinha internet em casa, mas eu já tinha um smartphone, era uma época bem bizarra.

Tiago: E até chegar essa fase da vida do Luca, até 2005, você um domínio maciço da Nokia. Poucas empresas, pois muitas delas fecharam as portas como a Siemens. Eu lembro que a Siemens tinha o A52 e o A55, que eram celulares pequenininhos em que você comprava ringtones da internet, pagava três reais pra ter uma música mal tocada ali, sabe? Eu lembro que quando o Latino lançou “Festa no Apê”, todo mundo queria ter como toque do celular. Mas a Nokia tinha um certo problema: em primeiro lugar, você tinha uma série de celulares da Nokia que eram muito vagabundos e que não evoluíram tecnologicamente, e eles tinham uma série altamente tecnológica que era exatamente a N-Series, introduzida, se não me engano, em 2006, quando a Motorola estourou com o V3. O V3 era um aparelho engraçado, pois serve para explicar porque a Nokia foi destruída O V3 era um celular vagabundo. Em termos tecnológicos, ele era um celular que, se você tirasse duas fotos,  acabava o espaço nele, não tinha entrada para cartão, apesar dele ser totalmente colorido, a câmera dele era horrível, era uma câmera de 0.3 megapixels. Era caro pra caramba. Eu lembro que, na época que o valor dele caiu, 2 anos depois, o valor dele era R$ 1300,00. 

Luca: Na época em que o Real era valorizado.

Tiago: Sim, na época em que ele foi lançado de fato, acho que o valor dele chegava perto de R$ 2000,00. E era um celular que vendia como água, por quê? Era um celular bonito, isso tem que ser admitido, era um celular bem interessante, abria e fechava, ele era fininho e tudo mais. E a Nokia tinha os celulares vagabundos e sem qualidade nenhuma que eram grossos e a linha tecnológica da Nokia era muito inacessível. Por exemplo, eu sou um eu sou um amante de celulares antigos, então eu tenho um Nokia 73. O N73 foi lançado em 2006 e não era o aparelho top de linha da N-Series, mas ele já destruía o V3 em termos tecnológicos.

Ele tinha uma câmera de 3.0 megapixels, uma câmera traseira, uma câmera frontal 0.3, que era a mesma câmera traseira do V3, entrada para cartão de memória de até 4 gigabytes, leitor de PDF, escritor em doc, ele tinha 3G e navegador de internet. Ele foi um dos primeiros celulares que introduziram esse conceito de Smartphone. Só que a N-Series da Nokia, primeiro, trabalhava com um sistema operacional muito bosta, chamado Symbian. O Symbian, nessa época, não tinha uma integração dos sistemas operacionais com as diferentes marcas, isso atrapalhava muito a experiência do usuário. Então, a Nokia tinha um sistema operacional fraco, os teclados eram bem numéricos, era tudo ali feito na mão, e, em 2007, quando a Nokia chegou ao auge de qualidade com o N95, que foi talvez o aparelho de smartphone mais revolucionário que a gente teve no ano que ele foi lançado, a Apple veio chegando com o Iphone

Luca: Ah, não vem falar que a Apple não foi revolucionário.

Tiago: Foi revolucionário em vários aspectos, mas em termos de hardware o N95 tinha certos atributos que só foram superados pelos celulares de entrada do mercado 10 anos depois.

Otávio: É importante lembrar que foi nessa época que as baterias dos celulares começaram a durar bosta nenhuma.

Luca: É, mas aí se passou a ter uma exigência muito grande sobre a bateria, né?

Tiago: O N95, por exemplo, em 2007, tinha 8 gigabytes de memória interna, uma capacidade que apenas os celulares de entrada de hoje tem, 10 anos depois. Ele tinha uma câmera traseira de 5 megapixels, a frontal eu não lembro quanto que era. Ele gravava, se não me engano em VGA, ele tinha conexão Wi-Fi, ele tinha 3G, tinha todo o pacote Office, tinha toda essa parte de aplicações e era um celular muito com design muito legal, apesar disso. Só que a Nokia ainda insistia naquele teclado físico.

A Nokia é aquele exemplo de empresa que liderava, que reinava sozinha, que destruía e que ela começou a ter um processo de decadência e ela só percebeu esse processo quando era tarde demais. Então, se a gente parar pra pensar, quando o iPhone chega, com um trabalho totalmente focado no design e também na parte do touchscreen e tudo mais, você tem ali, junto com o próprio N95, em termos de hardware e de software, protótipos claros do que seria referência dos smartphones dessa geração de 10 anos depois, digamos assim.

Otávio: Foi nesse momento em que a Nokia virou a Sega dos celulares.

Tiago: Aí, a Apple chegou com um material de ponta no mercado, e o que a Nokia fez? Ao invés de também investir em ponta e continuar na vanguarda, ela regrediu.

Luca: Não, mas eu discordo. O iPhone definiu qual seria o padrão a partir do momento que colocou o teclado de multi toque. A partir daí, já passou a ser datado o teclado físico, completamente

Tiago: Mas, de qualquer forma, o que a Nokia estava fazendo? Você tem, entre 2008 e 2009, uma série de celulares que tinham como base os aparelhos antigos tipo 10 só que com tela colorida e alguns add-ons. A Nokia investia muito em aparelhos de baixa qualidade numa época que você já tinha um tipo de usuário que indicava o futuro. O próprio sistema operacional Symbian ficou desatualizado, por quê?

Em 2008 você tem um sistema operacional livre, de código aberto, que é o Android e que chega chegando, com uma adesão muito forte. Primeiro, que eu acho muito legal do Android é pelo fato dele ser uma distribuição Linux, né? Eu acho que o usuário de Linux sempre sonharam que o Linux fosse um sucesso mundial. O Android está aí, maior exemplo, né?

Luca: Hoje em dia, depois que o Google comprou o Android passou a ser uma coisa por si só, não, não só mais o legado.

Tiago: Sim, com certeza. Eles ainda utilizam dessa base. Eu acho que as pessoas adeptas ao software livre, elas negarem essa carga, também não é-

Luca: Ao que parece, no ano de agora, 2018, não se sabe ainda se o Android está com os dias contados porque a própria Google está desenvolvendo outros sistema operacional misto para laptop e celular, um híbrido de laptop e tablet. O Fuchsia é, pelo o que os rumores e os vazamentos disseram, algo que vai tentar integrar os os computadores, o Google, e os celulares. Então, o aplicativo funciona num celular, vai funcionar perfeitamente, vice-versa, e não se sabe se planeja substituir os celulares com Android com isso. Um sistema é, como é que fala?

Otávio: É o próximo passo da versatilidade, que foi o grande forte do Android.

Tiago: Sim, e o IOS também se beneficiou disso. A Nokia tinha um sistema operacional que já estava morto. O Symbian tinha muitas limitações.

Luca: Um dos exemplos mais toscos de como a Apple, querendo ou não, acabou definindo quais seriam os padrões, pelo menos a partir do ano de 2007, para smartphones eram os emojis. É um exemplo muito tosco, mas é como eles definiram, porque os emojis foram adicionados ao sistema e, originalmente, a Apple não tínha emojis. Só que eles perceberam que a venda de celulares pro público japonês não era muito presente porque, no mercado japonês, eram muito populares aqueles celulares flip-flop, um chinelão que você abre. Então, para a Apple tentar entrar naquele mercado, que já era muito fechado, e vender o celular deles, eles tinham que naturalizar a galera com algo que já era deles.

Eles usavam muito emoji no Japão, que era algo só japonês, e, então, a Apple aderiu isso ao próprio teclado e, com isso, acabou ficando escondido o emoji. Apple aderiu ao próprio teclado na questão dos emojis pra ter uma aderência ao mercado japonês e ficou lá escondido, só depois de um ano ou dois que a galera descobriu o que seria o mais influente dos emoji que era o do cocô, porque quem não quer mandar um cocô pro amigo? Então, com isso, ficou muito popular e todos os outros sistemas que queriam ser populares precisariam disso. Então o emoji só é presente hoje em todos os celulares por causa da Apple, querendo ou não.

Tiago: Nesse meio termo em que a Apple se destacava com iPhone e também ao mesmo tempo o sistema operacional Android se desenvolve, a Nokia continua inerte utilizando o seu bonitinho Symbian, né? Mas, aí, o que acontece? A Nokia prevê a sua queda muito tardiamente e, em 2012, adere ao Windows Phone. Eles começaram com o Windows Phone 7, depois foram pro 8, que foi lançado em 2013. Só que o Windows Phone necessitava de uma certa coisa bem básica, né? Eles precisavam que os desenvolvedores aderissem a esse sistema para produzir os aplicativos.

Luca: Mas, olhando da perspectiva da época, era um sistema que estava surgindo, já tinha um amparo.

Tiago: É um negócio que eu acho interessante, a Nokia sempre quis ser diferencial.

Luca: E já tinha um amparo da empresa imensa que é o Windows. Então, assim, fazia todo o sentido seguir nessa. Até porque o Android não era tão proeminente quanto é hoje. Então, na época fazia completamente sentido. O que não fez foi não largarem o barco de maneira alguma.

Tiago: Mas, de certa forma, a Microsoft acabou enterrando o próprio Windows Phone, né? Porque, depois que tudo aparentemente deu errado, não teve paciência pra continuar vendo novas formas. Inclusive, o Windows Phone  chegou a ser o segundo sistema operacional mais utilizado, mais comprado em em aparelhos, pelo menos aqui no Brasil e em grande parte das regiões, até porque não é qualquer um que compra o IOS, mas a partir de um certo momento eles tiraram a Nokia de nome e lançaram o nome Microsoft que eu acho que foi uma burrice gigantesca, pois ninguém sabe quem é a Microsoft, todo mundo sabe quem é o Windows, só se sabe quem é Microsoft quem é do meio, e, por fim, a própria Microsoft, num ato de…

Luca: Desespero?

Tiago: Talvez desespero, ou também de “foda-se”, eles lançam o Windows 10, abandonam grande parte dos seus usuários que usavam Windows 8.1, enterram o Windows 10 também junto, não lançam mais nada, e os usuários ficam sem suporte sem atualização, e com cada vez menos aplicativos. Eu fui um usuário Windows Phone por muito tempo porque eu sou fã da Nokia, sabe?

Luca: Deu pra sentir o rancor na sua fala, né?

Tiago: A minha família inteira usou Nokia qualquer por anos, eu tive culpa, né? Meu primeiro celular foi o Nokia N73, eu perdi ele dentro do ônibus, aí eu ganhei um Nokia 6131, aí depois eu tive o Sony Ericsson que tinha o áudio, em 2006,

Guilherme: Eu achei um na rua. Estava andando, aí, do nada: o que é esse negócio no chão? Tá parecendo um brinquedo.” A hora que eu fui ver era um celular. Aí, eu olhei, não era de chip na época, né? Era conta. Peguei o celular e fazia ligação a revelia. Bloquearam a conta, eu só fiquei com o aparelho, mas era massa demais.

Tiago: O primeiro celular que eu comprei, de fato, foi o Nokia Lumia 520. Eu o comprei em novembro de 2013, na época que eu era estudante de ensino médio, eu estava começando a fazer estágio, aí eu trabalhei e foram dois meses pra comprar um celular de R$ 500,00, porque ele era smartphone de entrada, mas ele tinha um desempenho muito bom. Dois meses depois, não, quatro meses depois, eu fui assaltado, levaram meu celular e aí eu comprei o mesmo aparelho dias porque meu pai deu o dinheiro.

Mas aí o celular já custava R$ 360,00 meses depois. E, aí, eu continuei com esse celular durante quatro anos. Eu tenho ele até hoje. E, basicamente, o que que eu posso dizer? Um smartphone com Android dificilmente duraria durante todo esse tempo e de entrada. Eu acho que o Windows Phone tinha muito essa vantagem. 

Luca: O da minha namorada até hoje ela usa, ele é de 2012.

Tiago: É um sistema operacional extremamente estável, leve, e que não demanda tanto hardware e ele tem uma durabilidade muito maior. Agora, pra você ter um smartphone Android com uma certa qualidade de estabilidade sem travar, às vezes é coisa de um ano, dois anos e você tem que desembolsar uns R$ 2000,00 para você ter um aparelho decente. Agora, com o Windows Phone, eu tinha um smartphone de entrada de quinhentos reais que até hoje ele funciona e não trava e tá com um amigo meu, porque agora eu tô com o Android aqui e, enfim, basicamente é isso. O que a gente tem hoje? A gente tem uma Nokia que desapareceu, mas que vai voltar, que já retornou com Android.

Luca: Mas voltou muito fraca, muito enfraquecida.

Tiago: Sim, porque voltou enfraquecida e além de tudo com péssimas estratégias de mercado, né? Não lançou seu smartphone nos Estados Unidos, não lançou seu smartphone no Brasil.

Luca: Mas para lançar nos Estados Unidos às vezes é um problema à parte. Você precisa fazer negócios com as marcas de chip, e se as marcas definirem um negócio, você tem que seguir ele, se não quiser seguir, o celular não sai lá. Porque não vai ter recepção de internet móvel nenhuma. Então, é um negócio à parte. Tem a marca chinesa Huawei que não sai nos Estados Unidos, uma marca boa, por causa disso, sabe?

Guilherme: É um ponto a ser observado. Enquanto muitas pessoas dão valor ao status que o iPhone representa em si, tem celulares que, por exemplo, os da Huawei são iguais de qualidade ou até superiores e por um preço mais acessível.

Tiago: Mas não tem uma questão de desempenho também? O IOS é desenvolvido exatamente para aquele tipo de hardware, ele é adaptado para aquilo, então, muitas vezes, você tem um aparelho IOS, um iPhone, que não tem um hardware tão eficiente, mas o desempenho dele destrói alguns celulares.

Luca: Se ele já não estiver obsoleto, o iPhone é perfeito pra uma pessoa rica, perfeito porque se você for rico você tem um iPhone, você tem um Apple Watch, você tem um fone de ouvido da Apple.

Tiago: E tudo é integrado.

Luca: Exatamente. você tem um MacBook, tudo é absolutamente integrado, você recebe uma mensagem no celular, ela está no seu computador, você pode ver pelo relógio também É tudo muito integrado e é difícil você achar isso.

Otávio: Eu não vou falar do Android. O Android pra mim o Android é uma página com a base operacional muito boa de comunicação porque ela atende as minhas necessidades, em todos os aspectos. Ele trava às vezes? Trava, mas dos serviços do Google, que eu uso vários, eu acho que o único que eu não uso é o Google Music e o Google Plus, são muito bem integrados. Por exemplo, o Google Docs é um editor de texto um pouco limitado, só que ele atende bem as minhas exigências.

Eu começo a escrever no celular, como eu faço várias vezes, e quando eu chego em casa já abro o Google Docs e escrevo no computador. Mesma coisa quando eu escrevo no computador no Google Docs e eu o abro no celular duas horas depois e continuo escrevendo. O Google Slide é assim, o Google Sheets é assim. então e também tem o WhatsApp Web, certo?

Luca: Mas isso é algo que começou depois de 2016, com a Google tentando reproduzir a Apple, que é sistema que eu não gosto de maneira alguma, mas tem muitas coisas que eu acho muito práticas lá. É uma tentativa tardia de tentar fazer isso, algo que já é de há muito tempo, entendeu? Mas é de fato muito bom isso agora. O celular que eu tenho agora, ele é de uma marca chinesa completamente desconhecida no Brasil, até não tem suporte ou lojas, eu tive de comprar na internet, se der problema, fudeu. Eu achei muito prático isso lá, porque ele é barato, a película que ele coloca sobre o Android criou em mim necessidades que eu não via antes. É sério.

Ele já tem gravador nativo, já tem mil coisas nativas que o Android normalmente não tem e são muito práticas, sabe? O explorador de arquivos dele é ótimo, é melhor do que o que tem naturalmente no Android que sabemos que não tem nada. Então eu achei muito bom isso. E uma coisa que eu, por mais que eu acho bom, eu acho tosco da parte do Android que cada celular tenta fazer a sua versão do Android, isso acaba separando muito todos eles.

Otávio: É o motivo pelo qual eu comprei o Moto G4, que é Android puro.

Tiago: Tem, inclusive, o Android que a Nokia usou no N8 e no N7.

Luca: A Motorola colocou algumas coisinhas que não tem no Android puro de verdade, que é o do Google e da Nokia, ou você pega o Google Pics que não tem absolutamente nada, por exemplo, num celular da Samsung, que é o que eu odeio nos celulares da Samsung, por exemplo.

Tiago: Mas a Samsung atingiu um ponto em que ela é a maior.

Luca: Mas o que eu não gosto é que em celulares da Samsung a película deles fica travada em tempo, então não não acho utilizável.

Tiago: Eu tenho um amigo que tinha um Sony Z1, que era um aparelho muito muito forte, é bom, mas estragou muito rápido, sabe? Ficou rapidamente lento. E olha que tinha um hardware muito bom porque tinha um excesso de add-ons, além disso a bateria foi um lixo.

Guilherme: Dentro do contexto geral, com a revolução tecnológica que vai acontecendo ocorre muito isso, perde-se qualidade justamente pela questão da produtividade e dos ganhos. Se fizessem um smartphone perfeito, que durasse vários vários e vários anos, qual seria a necessidade da pessoa comprar outro?

Tiago: É o tal conceito da obsolescência programada né? De que todo produto tecnológico só dura até um certo momento de você comprar outro para substituí-lo. 

Otávio: Não é à toa que falam que as coisas antigas duram. Antigamente, para atrair o consumidor, ela tinha que durar.

Tiago: A renda também era um aspecto bem diferente, assim como o próprio costume.

Luca: Mas falando do ponto de vista histórico, a obsolescência programada começou por volta de 1920 e os fogões, como um exemplo, ainda estão intactos até hoje.

Guilherme: Uma geladeira com mais de quarenta anos também pode ser encontrada por aí.

Luca: Pois é, bicho, eles começaram a produzir mais porque o mercado demandava. Eles produziram tanto que foi uma das imensas causas da crise de 1929. E pegaram esse conceito para aplicar tecnologia avançada. O que eu acho que pode dar problema num futuro próximo, mas tudo bem.

Tiago: Mas eu acho que existem certos tipos de produtos e marcas em que isso não se aplica. Fugindo um pouco da questão dos smartphones, por exemplo, quando a gente fala de refrigeradores, minha mãe tem uma geladeira da Bosch que já tem 10 anos e está praticamente nova, muito eficiente, mas foi um produto caro também.

Luca: A Motorola também passou por algo semelhante ao que a Nokia, porque teve o N3 que foi um celular de muito sucesso e tudo mais, só que ela não conseguiu produzir um celular que fosse suficiente para que outras pessoas comprassem. Então a Motorola tomou um limbo imenso até 2011, 2013, sabe? Só voltou quando foi comprada pela Google. Mas vamos falar disso depois.

Tiago: Mais uma coisa. A Motorola, inclusive, até 2009, produziu uns celulares muito interessantes com touchscreen. Lembro que uma vez meu tio tinha um Motorola A1200, eu acho, era um celular assim primeiro a ter uma tela completa, ele era totalmente coberto por um tipo de plástico aqui que cobria e permitia assistir vídeos, coisas assim. Era fantástico, embora assim o padrão, né? Na segunda metade dos anos 2000, eram os malditos vídeos em 3GP de resolução de 144 pixels.

Luca: RMVBzão, né?

Tiago: Sim. Nossa, quando você tinha um vídeo em VGA, era o sonho. Inclusive, isso envolve até a própria questão das filmadoras, das câmeras, né? Se você tinha uma câmera digital que gravava a 480p, era um negócio assim absurdo no sentido de VGA. Hoje em dia não, hoje em dia o padrão é full HD, né? Em alguns casos até 4K, mas foi uma tristeza.

Luca: A Apple começa a penetrar no público que se dispõe a pagar mais de 1600 reais num celular. Ela começa a penetrar no público que está disposto a comprar celulares antigos da Apple que já estão entrando em estado de obsolescência, seja por status, seja pelo próprio sistema operacional que a pessoa está acostumada, e a pessoa está disposta, mesmo que o celular tenha saído em 2014, a comprar um iPhone 5S, sabe? Aí escolho ficar entre isso ou um celular médio Android. Se a pessoa não se acostuma com Android, ela vai comprar, mesmo que seja antigo, o Apple.

Otávio: Aquele negócio, o Apple, ele quase não dá problema, mas ele tem uma capacidade ilimitada. Ele não tem a mesma…

Luca: Capacidade ele não tem nem um pouco limitado, mas ele impõe restrições muito grandes.

Otávio: Exato, porque ele quer garantir que o que ele faça, ele faça, que ele seja à prova de erros.

Tiago: Que ele faça parte de uma comunidade, né?

Luca: Sim, sim, ele estabelece a própria cerca, sabe? Mas ele tem capacidades imensas. Se você pegar o último iPhone, o chip dele, que é o A11, eu acho, é muito bom. Ele com 3 GB de RAM, e hoje vários celulares médios e bons vão até 8 GB. E ainda assim ele consegue superar muitos deles porque o chip tem um proveito muito bom. Só que o sistema operacional dele impõe restrições que eu não consigo me acostumar com elas. Então, se você for uma pessoa que tem dinheiro, consegue se adaptar muito fácil. Porque uma coisa que poderia ser facilmente contornada de maneira gratuita no Android acaba sendo muito restrita no iPhone, a não ser que você esteja disposto a pagar para ter, e isso vai em diversos temas, não só em aplicativos.

Para uma pessoa que faz muita edição de arquivos, como eu, consome muitos arquivos que precisam ser baixados na internet, que você precisa editar e tudo mais, pelo celular, porque eu não tenho costume de usar computador, o sistema Android acaba sendo muito mais vantajoso e aí eu já tenho que entrar na seara de qual versão de Android usar? Porque nisso os celulares Android se diferem muito.

Por exemplo, você pega um celular de uma marca como a OnePlus, que é chinesa, e a Samsung, que é sul-coreana, e são completamente diferentes. Então, você tem que analisar muito bem isso. Já o iPhone, não. Você compra sabendo quais são as capacidades dele e vai conseguir utilizar perfeitamente, independente do modelo.

Tiago: Em alguns aspectos, se você quer, por exemplo, uma gravação de vídeo mais eficiente, poucos smartphones que trabalham com Android têm uma qualidade de câmera que seja melhor do que a dos últimos iPhones.

Luca: Um dos poucos celulares que a maioria das pessoas concorda que a câmera consegue ser melhor do que a da Apple são os celulares da Google, que é o Google Pixel. Esses celulares têm uma câmera que funciona melhor do que a da Apple não só pela câmera em si, mas também por utilizar muito de inteligência artificial para construir uma foto melhor. Mas em questão de câmera, por exemplo, os celulares top de linha acabam sendo todos muito parecidos, mudando pouca coisa, como o contraste de cor de uma foto. Pouquíssima coisa.

Tiago: O pessoal ficava me zoando por eu usar o Windows Phone e eu falava pra eles…

Otávio: Eu te zoava por você usar o Windows Phone (risos).

Luca: Mas isso tem que zoar mesmo.

Tiago: Mas basicamente, se você quer um aparelho que não demande um alto custo de uso e você só usa para usar o WhatsApp, fazer ligações, pra que aí que você vai gastar num modelo de entrada Android que vai estragar em pouco tempo?

Luca: É verdade.

Tiago: Com um celular com Windows Phone, por exemplo, meu modelo de entrada, eu fazia muita coisa nele. Sim, tinha muitas limitações porque nem tudo que eu queria fazer ele podia, mas foi lá que durou quatro anos. É um celular que valeu a pena pelo custo-benefício. E quando minha mãe começou a ter contato com smartphones, porque ela é uma pessoa bastante avessa à tecnologia, eu não pensei duas vezes antes de comprar o smartphone com Windows Phone.

Luca: É muito receptivo pra pessoas que…

Tiago: Foi 220 reais, é o aparelho dual chip que ela precisava, 1GB de RAM, que aparelhos com esse valor geralmente não têm. E funciona plenamente com ela, e ela abre um monte de coisas, e às vezes não sabe fechar. O telefone não trava na mão dela, só trava quando meu irmão inventa de instalar jogos e tudo mais, querer colocar GTA San Andreas no celular, não sei se vocês sabem, mas GTA tem uma versão para Windows Phone.

Guilherme: O pessoal colocou até GTA 5 pra celular!

Tiago: Enfim, tudo depende da questão do uso. Eu fico realmente muito triste pelo fato da Microsoft ter deixado de lado o Windows Phone, porque se eles tivessem talvez trabalhado melhor o nicho, eles teriam garantido ali o espaço.

Luca: Mas a Microsoft passou por um problema que a Nintendo passou também. E, independente de quanto eles trabalhem nisso, se não tiver a recepção e a aceitação dos desenvolvedores de aplicativos, não vai. Porque a Nintendo tinha jogos perfeitos produzidos por ela, mas não tinha ninguém mais querendo fazer jogos para o Wii U. Nenhuma empresa queria fazer jogo, porque ninguém ia comprar, e então acabou morrendo um sistema que era o Wii U muito mais cedo do que devia, assim como morreu o Windows Phone. Por que que você compraria, sei lá, um celular Windows Phone se ele não tem um WhatsApp?

Otávio: Verdade. Mas isso…

Tiago: Mas aí, inclusive, eu acho que também juntava uma grande parte das frustrações dos usuários. Então, por exemplo, 2014 foi o ano em que o Snapchat começou a chegar ao público. Na verdade, sim, o Snapchat estourou em 2015, mas eu usei o Snapchat em 2014.

Luca: Vanguardista! (risos).

Tiago: Abandonei o Snapchat em 2014 porque eu achava um saco, ninguém usava e parei de usar. Depois que parei de usar, o povo começou a usar. Mas enfim, eu lembro que tinha um aplicativo de uso do Snapchat no Windows Phone. O Snapchat em si nunca foi lançado, mas tinha usuários do Snapchat que usavam o Windows Phone. Mas chegou o momento em que o Snapchat foi banido e qualquer aplicativo que tivesse acesso era banido da loja. Isso deixava os usuários putíssimos.

Luca: Mas aí você olha, isso aí é só um usuário que tá muito disposto a usar esse aplicativo. Cê pega a sua mãe, por exemplo, que num celular Android, uma amiga poderia falar: “pô, baixa o Snapchat aí pra gente trocar uma foto no Windows Phone”, ela procuraria o Snapchat, não acharia e ficaria por isso. Então, a não ser que você estivesse muito disposto a burlar isso, não conseguiria. E é esse tipo de restrição que acaba fazendo com que o sistema morra.

Tiago: E são aplicativos muito básicos. O Instagram do Windows Phone é o Instagram Beta. É um Instagram que você não tem como ver, por exemplo, direct. Então se eu quiser acessar o direct, eu tinha que geralmente instalar outro programa chamado 6tag, lá eu acessava o direct, mas via as mensagens dos meus amigos tipo seis meses depois que eles mandavam, sabe? Aí é realmente muito frustrante. E quando eu comecei a usar Android agora de novo, no início era muito chato. Eu odeio o dicionário e o corretor do Android.

Luca: Não, isso aí você pode tirar.

Tiago: Eles são péssimos, o do Windows Phone destrói assim.

Luca: O Apple também é muito bom, mas isso aí é péssimo, ele só passa a ser bom a partir do momento que você usa muito celular, porque ele aprende as suas próprias palavras.

Tiago: O celular parece não aprender toda vez que eu digito a letra E e dou o espaço, ele já coloca acento automaticamente. Eu corrijo o tempo inteiro.

Otávio: Eu tenho reclamações sobre isso, mas eu me acostumei com o mal.

Luca: Eu simplesmente corto. Pode ser o teclado do Google, que eu acho muito bom, mas eu corto a correção automática porque eu não dou conta.

Tiago: Eu acho que vou começar a fazer isso também, porque eu não aguento mais.

Luca: É facinho, depois te mostro as configurações como faz.

Otávio: Usei isso ao meu favor. Eu não escrevo mais errado.

Luca: Mas eu vejo a barrinha lá em cima sugerindo as palavras. Eu só não gosto que corrija automaticamente. Se você quiser pode ir agora, que eu mostro direitinho.

Otávio: Como eu falei mais cedo, a internet foi a invenção do século XX, na minha opinião, e o smartphone, mesmo no século XXI, porque o smartphone é o resumo de toda e qualquer tipo de troca de informação, em qualquer formato possível, na palma da sua mão. Você tem ideia, manda texto, áudio, vídeo, desenhos, códigos e tudo fica muito fácil.

Tiago: E aí quando você fala em questão de compartilhamento, a gente pensa o seguinte: o aparelho tem tudo isso, em todos os aspectos. Com a conexão web hoje, que você tem 4G ou 3G, que já tem uma velocidade de taxa de dados bem maior, você está em qualquer lugar, no momento certo, com a câmera e você tem os melhores vídeos de memes que podem acontecer. O Luca, o nosso querido membro do podcast, ele compartilhou o vídeo de um povo de uma igreja pentecostal…

Otávio: (Risos)

Tiago: …levantando tijolos e dançando, né? Num momento super alegre.

Luca: Esse vídeo é de 2015, o áudio tá estouradaço.

Tiago: Mas eu acho incrível, tinha alguém ali no momento pra fazer aquela imagem e isso tá entre nós. Se isso fosse em 2005, com certeza não estaria entre nós.

Luca: Em 2005, só se virasse notícia e se tivesse algum cinegrafista entusiasta de tecnologia.

Tiago: Lembro que teve os vídeos, os primeiros vídeos virais no YouTube. Era assim: um vídeo alcançou um milhão ou quinhentos mil, aí o povo falava “vamos ver esse vídeo” e ficou, fez muito sucesso. E aí passava um pedacinho do vídeo.

Luca: Em 2013, o “Gangnam Style” foi o primeiro a bater um bilhão de visualizações e depois o “Despacito” conseguiu muito mais rápido.

Tiago: É uma música maldita que não…

Luca: Eu gosto, cara.

Tiago: Estou esperando Thanos lançar Despacito 2.

Otávio: Outro exemplo: muitos de nós estamos gravando isso pelo smartphone.

Tiago: Sim, com certeza.

Otávio: O único que não está usando um smartphone é a anta do Tiago porque ele é muito das antigas, sabe?

Tiago: Aliás, eu quero arrumar mais gravadores pra vocês porque a qualidade deles ainda é superior, entendeu?

Otávio: Não sou eu quem edita, não vou reclamar não… Pessoal, eu só zoo o Tiago.

Tiago: Mas enfim, nós como aspies e fazemos o podcast sobre a Asperger, a gente tem sim as nossas particularidades, e uma das coisas que eu amo, assim com relação ao advento da tecnologia dos smartphones, é a questão da localização. Porque agora, eu ando na cidade, eu posso até me perder, mas eu consigo me achar depois de novo.

Luca: Se você não for roubado, você consegue.

Tiago: Sim (risos), com certeza, mas o Google Maps e o próprio Here Drive que era da Nokia é muito bom, cara.

Otávio: Se tornou real aquela frase: eu não estou perdido, só não sei onde estou.

Luca: Google Maps é muito bom, cara. Pra ir pra casa da minha namorada, que é numa região que eu nunca visitei na vida, eu só lancei o endereço no Google Maps, ele falou absolutamente todos os ônibus ou possibilidade de ônibus que eu poderia pegar, quantas quadras eu teria que andar, qual seria o horário que os ônibus passam, quando eu chegaria e tudo isso de maneira completamente integrada.

Tiago: E uma coisa linda e maravilhosa chamada Google Street View.

Luca: Eu confio tanto no Google Maps que eu não preciso usar.

Tiago: Eu preciso, às vezes, visualizar o local para poder me orientar. E isso facilita muito a minha vida nesse aspecto.

Luca: Poxa, falando nisso, eu descobri que eu apareci no Street View. Descobri ontem.

Tiago: Olha só.

Luca: Foi numa cena muito besta, eu tinha uns 16 anos, tava esperando…

Otávio: Você deu tchauzinho pro satélite?

Luca: Não, eu não vi ele. Não é satélite, é um carro passando.

Otávio: Meu Deus, corta, me tira desse episódio. Eu só caguei nesse episódio.

Luca: Aí eu estava esperando um ônibus pra ir pro colégio, estava lendo um cabelo grande ainda e lendo no ponto de ônibus. Aí o carro passou, eu não vi e eu lá todo curvado no meio do ponto de ônibus…

Otávio: (Risos) Da forma que você não apareceria no Instagram. Eu confundi o Google Street View com o Google Earth (risos).

Guilherme: É o seguinte, um dos pontos principais e inovadores do Google Maps, essa questão dessa funcionalidade dele é que ele funciona melhor do que os próprios aplicativos de transporte coletivo em Goiânia.

Luca: Sim. Uhum. Definitivamente, sim, e os aplicativos são desenvolvidos pela empresa de ônibus…

Guilherme: Que tira do seu bolso no dinheiro das passagens.

Otávio: Eu vou ter que discordar porque o aplicativo que eu uso nunca me deu problema.

Tiago: Mas é que você não utilizou outros aplicativos feitos por usuários comuns e que são melhores que o da própria empresa.

Guilherme: Eu perdi três ônibus na semana dizendo que vai passar tal horário, chegava no ponto antes do horário pro ônibus passar, o ônibus já tinha passado.

Otávio: E nós estávamos discutindo um pouco antes do podcast sobre o vício nos smartphones. Aí os mais velhos falaram: “Esses viciado nesse negócio, meu tempo não era assim”. É, no seu tempo tinha telefone, seus pais falavam isso sobre o telefone fixo, sabe? No meu tempo tinha que mandar a carta, certo? Inclusive, tem uma frase de Platão que fala assim: “Eu não entendo essas crianças, elas querem escrever tudo, não querem decorar, como fizemos nós os antepassados”.

Luca: Só que o Platão não escrevia, ele de fato falava.

Otávio: Eu sei, tá tá, Luca, obrigado por isso. Deus do céu, eu estou com vergonha demais. Mas é porque eu acabei de falar agora, não sei se é verdade, porque…

Tiago: Não, mas o que o mais há uma síntese no que você falou que faz muito sentido, há um resquício geracional de que quando ela envelhece, tende a menosprezar o novo que vem.

Luca: Isso tem um vídeo muito bom pra quem, se alguém aqui souber falar em inglês ou entender perfeitamente em inglês.

Tiago: Nós vamos linkar na descrição do vídeo.

Luca: É um vídeo de um canal que ele fala sobre esse fenômeno e a descrição que ele dá é perfeitamente essa e que lidar é juvenoia, que eu acho o nome perfeito para isso.

Tiago: É claro que não faz parte do tema, mas faz muito sentido na música, né? Você tem gente que não consegue ouvir músicas lançadas depois de certa época porque acha que a música piora com os anos e que é uma besteira.

Luca: Tem os adolescentes do “eu nasci na época errada”.

Otávio: Eu fui desses.

Tiago: Eu tenho vontade de dizer: enfia um palmito no seu cu.

Otávio: Enfia outra coisa no cu, palmito não.

Tiago: Eu acho que uma das coisas que mudou, pelo menos nos últimos anos, foi a dinâmica social com o WhatsApp. O WhatsApp é um negócio absurdo porque você já tinha um conceito de chat, mas o chat virou algo presente no smartphone, instantâneo e que está em todo lugar. E você não precisa agora chegar a um computador ou um notebook para fazer esse acesso, você compartilha mensagens, vídeos, áudios, textos, documentos, tudo ali funciona. Até arquivos executáveis, sei lá, eu quero baixar um programa do Windows, manda um programa do Windows aí pra mim, você coloca o arquivo com .exe lá, você consegue.

Otávio: O WhatsApp é um negócio usado por muita gente, então ele tem uma demanda de dados muito grande, certo? São servidores muito grandes. Eu queria saber por que o Facebook gasta tanto dinheiro para comprá-lo e ele não monetiza?

Luca: Antes, o WhatsApp era monetizado, só que agora ele tem simplesmente todo o amparo do Facebook e o Facebook já ganha muito dinheiro com propaganda. O WhatsApp, primeira coisa, ele se popularizou muito, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, Índia, Bangladesh e China um pouco.

Otávio: A China tem seu próprio WhatsApp (caso vocês não tenham percebido, estou fazendo aspas com as mãos).

Luca: Mas aí ele desenvolveu muito em países assim porque, em países assim, o sistema de mandar mensagem geralmente era cobrado e era cobrado com um preço absurdo. No Brasil até hoje. Se eu for mandar uma mensagem, dependendo do seu plano, você tem que pagar para mandar mensagem, coisa que em países como o Canadá, por exemplo, você não precisa pagar. E por isso que até hoje em países como esse, falando do Canadá, pelo menos não é tão proliferado quanto aí no Brasil com o WhatsApp, porque se você quiser mandar uma mensagem, você manda pro seu amigo pelo site.

Tiago: Exatamente, antigamente para você mandar um SMS, era mais caro do que você ligar direto de um fixo, dependendo dos números, sabe? Era um negócio muito ruim.

Luca: O que eu estava falando é que pelo uso ser em países em desenvolvimento, eu imagino que se o Facebook monetizar, por exemplo, cobrar como era antes, tipo, um ano de uso, você precisa pagar. Se passasse a ser cobrado assim, não teria muita adesão. Muita gente que usa isso fala: “pô, agora eu tenho usar a merda do Telegram, né, porque meu número já foi, já foi zoado”.

Tiago: Ah, essa merda entre aspas, porque o Telegram é legal, mas não tem público.

Luca: Exatamente.

Tiago: É tipo MP3 e FLAC. Você vai realmente usar um FLAC no seu computador? Para que você vai usar um FLAC se você tem um MP3, sabe?

Luca: O Telegram tem uma proposta que eu acho muito legal, mas é zoado.

Guilherme: Nem sei o que é FLAC.

Luca: Mas no Telegram, por exemplo, para Android, eu acho perfeito, só que ninguém usa. Tem como você mandar, por exemplo, aplicativos de instalação ou arquivos de instalação de aplicativos pelo Telegram, mas pelo WhatsApp não tem como, você não pode mandar, por exemplo, um APK.

Tiago: Assim como você também no Telegram, você tem toda uma questão de personalização de guarda, de backup dos arquivos, muito mais fáceis e muito organizados do que no WhatsApp.

Luca: Meu backup do WhatsApp é tipo de 2015, sabe? (risos).

Tiago: Eu também guardo tudo do meu WhatsApp.

Luca: Não, meu último backup do WhatsApp é de 2015. Se eu for baixar, eu vou ver cada conversa bonita (risos).

Tiago: Guardo tudo do WhatsApp, mas o WhatsApp é muito ruim de você fazer você guardar as coisas.

Guilherme: Demora dez anos para você fazer.

Tiago: É, se você quiser consultar uma conversa, mesmo que você tenha backup dela, você atinge só um certo limite, você não lê mais nada. O Telegram, pelo menos até a última vez que eu usei, que já tem uns dois anos.

Luca: A última vez que o WhatsApp foi bloqueado…

Otávio: É verdade. O WhatsApp foi tão importante no Brasil que quando ele foi bloqueado, virou aquela histeria: a economia do sucesso do país parou.

Luca: Não, eu vi carro pegando fogo na rua.

(Risos)

Otávio: O smartphone em si foi uma evolução, mas ele permitiu outras evoluções, outras revoluções. Por exemplo, nós todos aqui vivemos a época da música pirata, certo? E a gente baixava a música pirata, não era porque era muito caro, também por isso, mas ela era muito difícil ser possível no formato do cenário.

Tiago: Até porque o processo de compra digital do iTunes começou a ter mais força, pelo menos aqui no Brasil, em 2012. O mercado físico no Brasil já tinha sido amassado, porque desde 1998 já vivia um processo de decadência ferrado.

Luca: Só em 2014 passou a ser acessível. A música não é tão desbloqueada, antes era muito complicado você conseguir comprar, era só em dólar e o cara era fácil. Então, quando eles viram que esse mercado tava aberto, aí eles passaram a abraçar.

Tiago: Hoje você não compra, você consome.

Otávio: Exato. E o Spotify, Deezer, Google Music. Cara, quando começaram esse serviço, a pirataria caiu lá embaixo. Mesma coisa com a Netflix, HBO, sabe?

Luca: Sim. A pirataria, muita gente especializada no assunto diz que é muito mais uma questão de o povo piratear não porque é caro, muitas vezes é, mas não só por isso, mas também por conta do serviço que é ruim e inacessível. Nos jogos, a pirataria caiu muito com a questão do Steam, que passou a ser acessível e o preço também não ficou tão desgraçado quanto era antes.

Guilherme: Isso é realmente importante. É como o colega falou, tem um vídeo que fala sobre a pirataria, fala dos primórdios das máquinas de pinball, né? Ah, meu, se você for parar pra pesquisar hoje na internet, você tem tudo dentro do seu smartphone, então você precisa rapidamente e olha lá pra ver, fica como indicação, cara.

Otávio: Antes do Steam cara, você baixava jogos pirateia. Começou o Steam, você compra jogos que você nem joga.

Luca: Mas o Steam até hoje ele só é meio acessível pra galera de classe média, classe alta no Brasil. E tem, até hoje, os dois países que mais pirateiam música e jogos e tudo mais são o Brasil e a Rússia. Russa é o Brasil gelado.

Tiago: A Rússia tem o VK, que já é um exemplo muito claro (risos).

Guilherme: Tem o que?

Tiago: O VK. É um Facebook de pirataria.

Luca: É o Facebook russo, sabe?

Otávio: Tem aquele servidor de artigos científicos piratas também.

Luca: Pois é, então, a cultura pirata na Rússia e no Brasil deixou de ser só sobre acessibilidade. Com a Steam ficou muito acessível pra muita gente, mas muita gente também já estava tão acostumada que prefere o meio pirata porque…

Otávio: É uma coisa de conforto. Isso aí vai demorar, mas vai mudar.

Luca: Com o tempo, isso muda. Mas, até hoje, muita gente que está acostumada prefere baixar pirata.

Otávio: Eu acho que não vai demorar um tempo em que nós vamos não comprar celular, mas consumir, como você falou. A gente vai pagar uma taxa anual mensal para o provedor de celulares e vai receber um celular a cada semestre.

Luca: Eu acho isso inviável.

Otávio: Ah, mais uma vez estou falando merda!

Tiago: Não, mas tem uma coisa do seu raciocínio que faz muito sentido com o que a Microsoft quer fazer a partir do Windows 10, que é o quê? Não ter mais um lançamento propriamente dito de um sistema operacional e sim uma espécie de versões de um Windows que está sempre em construção ao invés de você sempre reescrever do zero. No sentido, digamos assim, agora é tudo a partir de atualizações.

Otávio: Isso é verdade, isso é muito bom, porque aumenta demais o dinamismo, a celeridade.

Tiago: Você fideliza o cliente.

Luca: Isso faz isso já é presente no Android, tem um bom tempo, e a última grande mudança do Android foi do Android 4.1.2, eu acho, que era um Android. Aqui eu tô falando merda, com certeza, mas é Android Kit Kat, pra ele passar pro Android Lollipop que foi o 5.0 e mudou tudo. É porque eu não sei qual que foi o número do Kit Kat.

Tiago: Eu não sei se é o 4.5.

Luca: É, não, é 4.4.5. Teve essa última grande reestruturação e daí pra frente foi só pequenas coisas que mudaram. E o Windows parece estar aderindo a isso. A Apple mudou bastante no último ano, mas não sei, tem muita resistência a reescrever como ela é, sempre foi assim.

Otávio: A gente falou sobre a história dos smartphones, sobre o presente. Smartphone, vamos falar sobre o futuro.

Guilherme: Estava olhando a matéria agora que a Microsoft está investindo pesado em celulares propriamente ditos e o smartphone, a nova tecnologia que fará eles se tornarem obsoletos. É uma espécie de óculos que você coloca e numa visão praticamente o mesmo ângulo de visão que você tem com seus olhos, que é 270 graus de amplitude, né? E você vai fazer tudo através.

Luca: É, mas esse negócio é interessante. Eu acho que é de holograma.

Guilherme: É igual esse filme que saiu agora, Jogador Nº 1. Cara, aquilo ali vai se tornar uma realidade.

Tiago: Mas essa questão de realidade aumentada não é de agora.

Luca: Isso daí é realidade aumentada, onde você usa uma película translúcida e consegue enxergar as coisas que estão ali, mas a película também mostra coisas interagindo com o seu meio ambiente. Já a realidade virtual é quando tudo é tapado e um ambiente inteiramente novo é criado.

Tiago: Eu ainda sou muito cético com a aplicabilidade disso.

Luca: Fora do videogame eu também sou.

Otávio: Falando nisso, não tem como não mencionar sobre realidade aumentada e smartphone sem falar em Pokémon GO. Ele que permitiu que nós tivéssemos um ambiente de jogo que sempre quisemos na vida real. Era o sonho de qualquer um. Cara, não é à toa que, quando Pokémon GO saiu, ultrapassou o PornHub em pesquisas no Google, inclusive no Twitter o PornHub falou: parabéns ao Pokémon GO por ter ganhado o maior e mais importante ginásio de todos: a internet.

Luca: Não, a minha mãe é a pessoa que mais jogou Pokémon GO, que eu conheço. Minha mãe tem 50 anos e até hoje, dois anos depois que saiu, ela ainda joga bastante.

Tiago: Qual é o nível dela agora?

Luca: Não faço ideia. Mas ela joga muito bem.

Otávio: A mãe dele é a The Very Best (risos).

Tiago: Ela venceu um ginásio e dá uma surra em todo mundo.

Luca: Não tenho ideia do nível dela, porque eu quase não joguei, mas ela é uma pessoa que se conecta muito com o jogo do Pokémon. Ela assistiu apenas o desenho comigo, mas é a pessoa que mais se animou com o jogo. Acho muito surpreendente essa capacidade de permeabilidade que o jogo tem sobre as pessoas.

Otávio: Outra coisa importante sobre os smartphones são os aplicativos de transporte, como o Uber e 99Pop.

Luca: Há algumas coisas para falar mal do Uber, mas é um aplicativo interessante para uso. Não gosto da estratégia de comércio dele, porque ele explora muito quem trabalha com ele.

Tiago: Há uma tendência de que um dia o Uber vai mandar essa galera toda embora.

Luca: Sim, é um negócio em que ele coloca a gente para trabalhar para ele e armazena dados sobre tudo isso. E com isso ele está lucrando de graça. Ele está tentando montar um sistema para isso, na verdade.

Otávio: E agora tenho o WhatsApp de graça.

Luca: Mas o WhatsApp eu confio na criptografia dele. Eu confio que teve muita gente que testou, olhou ali e disse que era real.

Otávio: Sim, eu queria fazer uma piada. Engraçado do Uber é que em 2000, a gente falava “não fale com estranhos na internet” e “não entre em carros de estranhos”. Estamos em 2018. Você pode chamar um estranho pela internet e entrar no carro dele.

Tiago: E você tem páginas de memes e prints de Uber, sabe? Onde você está? “Chorando” (risos).

Luca: Minha namorada repete toda hora um diálogo assim: “Licença, eu posso levar um cachorro no carro?” E o motorista responde: “Cachorro homem ou cachorro animal?” (risos).

Otávio: Um cachorrão. Em que estado você está? Em uma depressão constante (risos).

Tiago: O que a gente pode concluir desse episódio?

Otávio: Que o Otávio falou merda demais nesse episódio que ele nem estava pensando. Só sei que não sei de nada.

Tiago: Os celulares já nos conquistaram e estão nos dominando e nós seremos escravos deles.

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Equipe Introvertendo Escrito por: